Histórias da pandemia em Londrina
Projeto da UEL reúne depoimentos dos principais setores afetados pela crise da covid-19; Foto Clube de Londrina também faz imagens da cidade no período
PUBLICAÇÃO
sexta-feira, 31 de julho de 2020
Projeto da UEL reúne depoimentos dos principais setores afetados pela crise da covid-19; Foto Clube de Londrina também faz imagens da cidade no período
Tamiris Santos/ Estagiária
Você já parou para pensar em como cada vida levada pela Covid-19 era parte da família de alguém? Ou em como todas as mudanças cotidianas afetam pessoas reais? Afetam pais de família e assim afetam crianças; afetam os eventos e afetam desde os artistas aos comerciantes ambulantes.
A pandemia do Covid-19 já é parte da história da humanidade e mexeu com muita coisa. Pensando na importância de se ter registrado os acontecimentos e transformações deste momento aqui em Londrina, surgiu o projeto “Covid-19 Experiências e Relatos”, proposto pelo departamento de Letras Vernáculas e Clássicas da UEL (Universidade Estadual de Londrina) com apoio de outros departamentos da universidade.
“É muito importante a gente perceber que as mudanças causadas pela pandemia deixarão transformações permanentes em nossa sociedade, os hábitos, as relações de trabalho e sociais, tudo isso terá implicações. Entrevistar e fazer o registro dessas mudanças, é tentar entender onde está a origem e a causa delas,” comenta o professor responsável pelo projeto, Frederico Fernandes.
O objetivo central da iniciativa é ouvir as pessoas sobre os desafios enfrentados por causa da doença e criar um acervo com depoimentos como o da Célia Regina Souza, que morou muitos anos em Londrina e hoje vive em São Paulo. Celinha, como é conhecida, perdeu a irmã pela covid: “Ela ficava no desespero de não poder dar um passo, né, naquela cidade [São Paulo], ela dizia: 'Celinha a cidade tá triste. Essa Vila Madalena está um horror. Tá tudo fechando [...]' Isso tudo foi fragilizando ela [...] O marido dela tem 67, já teve câncer não sei aonde, não tinha metade do pulmão, asmático; ele entrou no hospital e saiu e ela não voltou mais…” contou.
Os pesquisadores do projeto dividiram os relatos em quatro eixos principais: agentes educacionais, agentes culturais, agentes da saúde e o eixo sociedade que trata das populações vulneráveis. A cultura é um dos setores mais afetados pela pandemia, no eixo de agentes culturais, o projeto ouviu experiências de profissionais da área como o ator e marceneiro, Poka Fernandes. “Agora, você imagina um cara que é iluminador? Ele vai fazer o quê na vida? [...] não tem perspectiva a curto prazo, nem a médio prazo. O que ele vai fazer da vida dele? Como é que esse contingente todo de pessoas que trabalham ligadas à cultura vão se reinventar? Vão fazer o quê? Porque tá tudo parado: teatro, cinema, circo - o Cirque du Soleil demitiu 3500 pessoas. Né? Quebrô.”
Todas as entrevistas são gravadas e mediante a autorização dos participantes podem ser usadas para fins acadêmicos e culturais. Interessados em participar podem enviar e-mail para covid19uel@gmail.com, no primeiro contato a equipe solicita que se for possível é importante que a pessoa fale no e-mail sobre a motivação para realizar a entrevista, esta é uma maneira dos pesquisadores do projeto já direcioná-la para o eixo mais adequado.
Supervisão: Célia Musilli
Editora da Folha 2
OUÇA: