A atriz Nena Inoue, de Curitiba, está de volta ao FILO para única apresentação do espetáculo “Sobrevivente”, nesta sexta-feira (30), às 21 horas, na Divisão de Artes Cênicas da Casa de Cultura da UEL. A montagem é a segunda parte da “Trilogia para adiar o fim”, idealizada pela artista e iniciada com “Para Não Morrer” – espetáculo apresentado na edição 2019 do Festival.

A trilogia tem como foco apresentar histórias verídicas de mulheres. Em “Sobrevivente”, Nena Inoue investiga as origens de seu passado indígena. Descendente de japoneses, a atriz descobre, em 2020, indícios de sua ascendência indígena e reconstrói, por meio do teatro documental, o caminho de sua historiografia. Em “Sobrevivente”, ela atua junto ao filho, Pedro Inoue.

“De forma premonitória, já tínhamos escolhido o nome ‘Sobrevivente’ para a peça, antes da pandemia, mas a intenção era trabalhar um texto ficcional. Com o isolamento pandêmico, acabei tendo contato com essa história pessoal, e decidimos investir nisso. A pandemia acabou ressignificando o nome da peça. E o processo indicou outros caminhos”, conta.

Nena Noue contracena com o filho Pedro no espetáculo
Nena Noue contracena com o filho Pedro no espetáculo | Foto: Humberto Araújo e Daniel Sorrentino/ Divulgação/ Filo 2023

Ao resgatar as origens da avó materna, possivelmente indígena e que teve sua história apagada, a atriz destaca: “Conto a minha história para que outras pessoas olhem para si, seus antepassados, ancestrais, rastros... e tenham coragem de contar as suas”. A avó foi obrigada a casar-se aos 15 anos e trabalhou muito até morrer – em condição análoga à escravidão. “É aquele tipo de situação de ‘pegar o índio a laço’. Ela foi muito forte, desbravou. Toda família tem alguém que desbrava, abre uma picada. Aqui, eu coloco luz em uma fenda de transgressão, oposição, que foi soterrada”.

Com dramaturgia e direção de Henrique Fontes, que pesquisou os registros familiares da artista, Nena acredita que a montagem honra, de certa forma, todas as mulheres que tiveram suas histórias apagadas, principalmente as afrodescendentes e indígenas que não tiveram suas histórias oficializadas. “Eu me exponho, abro meu peito para que outras mulheres percorram as minhas/suas artérias para descobrirem quem somos”, afirma. “É uma história que dialoga com todos. Há um ressoamento emocionado do espectador porque todos têm ancestralidade”.

A terceira parte da trilogia ainda está em desenvolvimento e deve ser lançada em dois anos. “Gosto do dinamismo da vida. Nada está parado. Nada é definitivo. Vamos ver de que lado o vento sopra e de que lado a gente quer voar. Mas com certeza não vou fugir muito da minha urgência de falar sobre histórias verídicas de mulheres”, adianta.

* Com informações da assessoria de imprensa

Supervisão: Célia Musilli/ Editora

SERVIÇO

FILO 2023

“Sobrevivente” – Espetáculo de Nena Inoue (Curitiba / PR)

Data: 30 de junho, às 21h

Local: Divisão de Artes Cênicas da UEL (R. Piauí, 211)

Classificação indicativa: Livre

Ingressos: ESGOTADOS