Eddie Van Halen: o sucesso mora nos "detalhes"

A passagem do lendário guitarrista Eddie Van Halen por este mundo durou 65 anos e chegou ao fim na tarde desta terça-feira (6), em razão de um câncer na garganta. A notícia de sua morte, divulgada nas redes sociais de seu filho Wolfgang, fez seu nome voltar a ser comparado com o de Jimi Hendrix no posto de maior guitarrista de todos os tempos. Mas o que de fato faz deste personagem icônico, cuja trajetória é marcada por abusos de álcool e cigarros, um "semideus" para os amantes do popular instrumento que ajudou a construir o hard rock, blues, jazz e o heavy metal, entre outros estilos?

Aqui vão alguns indícios de como Eddie Van Halen mudou para sempre o mundo das seis cordas.

1 - Eddie Van Halen elevou algumas técnicas que Jimi Hendrix já havia popularizado à máxima potência, mas foi além.

Isso mesmo. Seja com a velocidade, característica que muitos guitarristas não consideram a mais importante na execução do solos, os ligados, técnica que consiste em atingir uma nota com um golpe do dedo anelar ou mínimo enquanto outra ainda soa, o two hands tapping e, principalmente, com o uso da alavanca. Enquanto Hendrix já havia desconcertado o mundo inteiro com os sons que emulavam os das bombas de Napalm que caiam sobre o Vietnã, com a monumental execução do hino dos Estados Unidos no encerramento de seu show em Woodstock, Van Halen abusou ainda mais do recurso, o que foi possível graças à ponte da sua "frankenstrat" vermelha com listras brancas.

Já com o tapping, Eddie deixou o mundo da guitarra abismado com as possibilidades trazidas pelo uso da mão da palheta produzindo frases ainda mais complexas ao longo da escala. Outros elementos, como o uso do botão de volume para criar um efeito espacial e os harmônicos, naturais e provocados pela palheta, completam o arsenal de técnicas em suas suas mãos.

Com isso, Eddie fez com que a música solo "Eruption" se torna-se um divisor de águas na história do hard rock e do instrumento.

2 - Seu carisma era inconfundível. Impossível não se sentir capturado imediatamente.

O sucesso no show bussines é algo que tem muito a ver com fazer as pessoas voltarem mais felizes para suas casas. Neste quesito, Van Halen era um mestre. Logo nos primeiros anos da carreira da banda, ver Eddie correndo de um lado para o outro do palco, sorrindo e transmitindo a sensação de que estava fazendo a coisa mais fácil do mundo, foi, sem dúvida, uma dos aspectos mais interessantes de sua passagem. O feelling em que interpretava seus solos mais incendiários não deixavam dúvidas de que ele e seu instrumento eram uma só entidade.

Van Halen - Jump

3 - Busca incansável pelo timbre

Conforme a virada da década de 1970 foi sendo tomada por bandas de hard rock influenciadas pelo peso do Led Zeppelin e o time de guitarristas cabeludos vestidos com roupas de couro foi crescendo, Eddie nunca deixou de lado a busca por um timbre característico de sua guitarra. Essa busca é considerada uma receita obrigatória para a criação de uma "pegada sonora" de sucesso no mundo das seis cordas. Mesmo após ter ficado conhecido pelo visual único de sua Charvel EVH vermelha, que durante as gravações de Van Halen II, em 1979, ganhou uma versão amarela com uma ponte modelo Floyd Rose com dois furos, a chamada Bumblebee, Eddie ainda seria agraciado com um modelo de amplificador em um pedal anos mais tarde.

Em 1989, o amplificador Peavey 5150 surgiu como uma opção mais moderna com melhor controle da saturação das válvulas e que atendia aos interesses do guitarrista. Mais tarde, a MXR, lendária fabricante de pedais de efeitos, homenageou o guitarrista com uma edição especial do pedal Phase 90, além de outros três pedais.

Ainda no início dos anos 1990, foi a vez de encontrar um novo modelo de guitarras para turnês e discos de inéditas. Em parceria com a Ernie Ball Music Man, Eddie daria início ao modelo Axis, um conceito que seria seguido mais tarde pela Peavey com o modelo que leva o nome de seu filho, Wolfgang.

Van Halen - Can´t Stop Lovin´ You