A Biblioteca do Centro Cultural Lupércio Luppi (avenida Saul Elkind, 790, região norte) faz uma homenagem ao escritor e jornalista londrinense Domingos Pellegrini nesta sexta-feira (24), a partir das 10h. Segundo a gestora cultural da Biblioteca do Centro Cultural Lupércio Luppi, Ana Cristina Mischiati, a homenagem à Pellegrini reflete a importância literária que o escritor possui, sendo uma forma de valorizar, ainda mais, toda sua produção em prol de Londrina. “Por ser um autor e escritor local, queríamos dar destaque à sua importância e expressão na cidade e também fora dela”, mencionou.

Além de ter escrito mais de 50 livros entre romances, contos, crônicas e poesia, Pellegrini foi vencedor de dois Jabutis, uma das premiações mais prestigiosas da literatura nacional, com o livro de contos “O Homem Vermelho” (1977) – a sua obra de estreia como autor -, e o romance “O Caso da Chácara Chão” (2001).

Ainda, recebeu duas vezes o Prêmio Fernando Chinaglia II, da União Brasileira de Escritores, em 1970 e 1974, por poesias e contos publicados. E entre 1989 a 1992 também foi secretário de Cultura de Londrina.

Segundo Mischiati, o que diferencia Pellegrini dos demais autores é a sua vasta produção literária, além do reconhecimento internacional, com obras publicadas nos Estados Unidos, Itália e França, e no volume de prêmios que possui.

Para o evento, o romance “Terrra Vermelha” (2013) foi a obra selecionada para compor a homenagem ao autor. O romance retrata a história da colonização de Londrina e do Norte do Paraná, considerada por muitos, como a própria gestora cultural, a sua obra prima. Para isso, a capa da primeira edição do exemplar foi reproduzida em graffiti, em um armário de aço com rodinhas da biblioteca. A arte foi desenvolvida em uma parceria com o artista e agente cultural Paulo Libano, da Associação Londrinense de Circo.

“A ideia é circular esse ‘livro gigante’ pela biblioteca para chamar a atenção do nosso leitor não só para as obras de Domingos Pellegrini, mas também para outros autores londrinenses e paranaenses”, explicou Mischiati.

Além da homenagem ao escritor com a mostra do “livro gigante”, o evento contará com a exposição de obras do acervo da Biblioteca sobre Domingos Pellegrini e serão lidos trechos de “Terra Paranaense” pelo autor.

TRAJETÓRIA

Domingos Pellegrini iniciou sua busca literária com apenas oito anos, lendo as revistas O Cruzeiro e a Manchete, que haviam sido colocadas para forrar o piso de sua casa por um pintor. O gosto por essa leitura o levou a conhecer Rachel de Queiroz e Millôr Fernandes, prolongando a descoberta de outras literaturas com a Biblioteca Pública de Marília, onde morou de 1960 a 1963, e posteriormente na Biblioteca Pública Municipal de Londrina.

Durante sua adolescência, continuou lendo tanto que foi proibido de ler após as 23h. Para escapar dessa ordem, saia pela janela do quarto e ia ler virando a esquina, sentado na sarjeta sob a luz de um poste, virando alvo da preocupação de um guarda noturno. “Ele até me perguntou se aquilo não podia fazer mal, e respondi que, se fizesse mal, eu preferia morrer de ler”, comentou o autor.

Em Marília, aos 12 anos, tinha o hábito de pegar dois ou três livros de poesia todas as noites, e foi assim que terminou o setor de poesias da biblioteca por inteiro. Foi nas bibliotecas que também descobriu escritores que influenciariam seu estilo de escrita, Ernest Hemingway e Graciliano Ramos.

“Ver hoje em uma biblioteca uma homenagem ao escritor Domingos Pellegrini faz renascer em mim o menino que lia as revistas do pintor, o adolescente que lia debaixo do poste, o jornalista que muitas vezes saiu da Folha de Londrina para ir consultar enciclopédia na biblioteca ali pertinho”, relembrou o escritor.

Enquanto foi amadurecendo, também viu crescer a Biblioteca Pública Municipal de Londrina, inclusive mudando para locais cada vez melhores e depois passando a ter bibliotecas coligadas. “Receber homenagem de uma biblioteca faz lembrar quanto devo às bibliotecas”, salientou Pellegrini. (com informações do N.Com)