Em tempos de crise, uma das receitas mais certas para se identificar saídas aos problemas que nos acometem é olhar para um passado de épocas mais gloriosas. Para o Brasil, esse foi o caso das décadas de 1940 e 1950, nas quais o mundo pós-Segunda Guerra Mundial começava a se reconectar após anos de conflito.

Durante tal época, o Brasil, que antes se encontrava isolado de organizações diplomáticas e supranacionais, começou a estreitar laços com grandes nações mundiais que ditariam os rumos do planeta. Os Estados Unidos foram os mais influentes neste sentido, com a chegada de várias empresas e também de tropas do país da América do Norte por aqui durante os anos 1940.

Os estadunidenses, como tantos outros imigrantes que também tiveram a oportunidade de passar pelo Brasil durante sua história, trouxeram consigo algumas tradições culturais que marcariam a época em que sua presença física se fazia em nossa nação. Além do jazz, que inspirou a bossa nova, e as estradas que cortariam cidades e estados por meio de carros de companhias como Ford e General Motors, estão os cassinos que se espalharam por todo o Brasil – incluindo o Paraná.

Antes da chegada dos estadunidenses em solo brasileiro, cassinos já faziam parte do cotidiano de entretenimento das altas classes paranaenses. Em 1905, o Clube Cassino Curitibano foi fundado, sendo utilizado como casa de shows, reuniões, festas e tantos outros eventos da capital paranaense durante a primeira metade do século XX. O Cassino do Ahú, que funcionou em Curitiba entre 1935 e 1946, seria o ponto mais “quente” da noite curitibana durante sua curta existência. Graças a um convênio com o Cassino da Urca, no Rio de Janeiro, artistas célebres do período, incluindo Nelson Gonçalves e Sílvio Caldas, foram fazer apresentações para a elite curitibana nos palcos da casa. Ali, além de apreciar bons shows, os frequentadores podiam desfrutar de modalidades como bacará e roleta, sendo esta última, de acordo com plataformas disponíveis no Brasil e especializadas em roleta online, um jogo simples em termos de regras, mas cheio de glamour e sofisticação – elementos que certamente eram bem-vindos no estabelecimento.

Saindo de Curitiba e partindo para a tríplice fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai, temos o Hotel Cassino Iguaçu, em Foz do Iguaçu. De 1939 a 1946, funcionou ali um cassino às margens do Rio Paraná, a poucos metros da linha fronteiriça entre o Brasil e o Paraguai. O hotel recebeu figuras ilustres que incluíram dois presidentes brasileiros, Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek, além do governador paranaense Moisés Lupion.

A presença dos cassinos na história do Paraná não para por aí. Em 1944, um dos mais grandiosos hotéis cassinos da América Latina, o Palácio Quitandinha, foi construído no município de Petrópolis, no norte do estado do Rio de Janeiro. Durante seu funcionamento, a beleza do prédio tanto interna quanto externamente atraiu as presenças de estrelas das artes como Carmen Miranda, Greta Garbo, Orson Welles e Henry Fonda. A admiração que extrapolou continentes também atravessou estados para chegar no Paraná por meio de um casal que se hospedou no hotel e deu o nome de “Quitandinha” ao seu restaurante instalado no antigo distrito de Areia Branca. A partir de 1961, o distrito torna-se município. E, em vez de carregar consigo o nome do distrito, é o famoso restaurante quem dá nome à nova localidade: Quitandinha.

Hoje em dia, muitos destes prédios têm funções bem distintas na comparação ao uso durante seus respectivos auges. Entretanto, os efeitos culturais causados por esses estabelecimentos podem ser sentidos até hoje, o que colabora com a história da região.