A nostalgia é parte da vida. E o tempo presente constrói o futuro, sendo o passado a referência de comparação. E não há problema algum em sentir falta de algo que acredita ter sido melhor em outra época. E como nascemos e morremos gostando de futebol, comparar é analisar e debater este esporte.

E, naturalmente, as gerações mais velhas tendem a viver esse saudosismo, que em qualquer discussão vira comparações. Outro dia debatia o volante de hoje, aquele que deveria ser o camisa “5”, que dá a saída de jogo, faz a ligação defesa-ataque e que organiza o meio-campo. Sim, o futebol mudou; mas inteligência e qualidade ainda continuam sendo necessárias para jogar bem.

Em outra época volante buscava a bola junto ao zagueiro, erguia a cabeça e organizava o time. Os lançamentos eram primorosos e ainda tinha arrancadas que terminavam em tabelas com o atacante. O volante, ou cabeça de área, era aquele que enxergava além do jogo, remontava as peças, distribuía funções e executava mais de uma ao mesmo tempo. Elegantes como Falcão ou Clodoaldo, que eram sutis até para fazer faltas; ágeis como Toninho Cerezo, Piazza, Carpegiani e tantos outros.

Muitos foram relevantes na posição sem ter tido toda essa grandiosidade na história, mas que conservavam o estilo da função. E há também os que marcaram época sendo o oposto: Chicão, no São Paulo ou Dunga, na seleção. Exceções de uma posição que foi caracterizada muito mais pelos talentosos do que pelos brucutus.

Hoje pouco vemos aqueles volantes porque eles se escondem. Você já percebeu como estes jogadores atualmente se posicionam entre marcadores deixando os zagueiros terem a saída de jogo, e quando tem a bola tocam de lado ou para trás? É um jogo passivo e medíocre, que assusta. Falta personalidade, coragem e ousadia. Falta qualidade.

Rodrigo, do Manchester City, é um dos remanescentes deste antigo modelo. Rodri, como é chamado, é excepcional. Cadencia e acelera o jogo com sutileza e nem parece fazer uma máquina voraz atuar, como é o time de Guardiola. E, por isso, concorre à Bola de Ouro. Rodri passa, marca, finaliza, arma e desarma com a mesma eficiência. No City e na seleção espanhola usa a camisa 16. Deveria mudar, porque ele é um autêntico “5”, como a história fez.