Rio de Janeiro - O Real Madrid pagou para eles jogarem juntos, mas Dorival Júnior abriu mão da combinação entre Vini Jr. e Endrick na estreia da seleção brasileira na Copa América. Menos uma oportunidade para ver o que eles podem fazer juntos.

Vini Jr. e Endrick têm juntos 86 minutos em ação pelo Brasil, desconsiderando acréscimos. Ou seja, dá praticamente apenas um jogo completo.

Mesmo assim, a dobradinha já rendeu alguns frutos neste começo de trabalho de Dorival. Foi em uma jogada de Vini que nasceu o primeiro gol de Endrick, contra a Inglaterra. E em um cruzamento do camisa 7 que o garoto salvou o Brasil na vitória sobre o México.

Isso significa que houve colaboração para gols —de um para outro— em dois dos quatro jogos nos quais Vini e Endrick atuaram ao mesmo tempo.

Vini ainda comemorou no campo o gol de Endrick sobre a Espanha, enquanto a dupla passou em branco contra os Estados Unidos.

Contra a Costa Rica, quando Endrick entrou, Vini Jr. saiu, e a seleção terminou sem gols.

Se a relação pessoal entre os dois é ótima, com o mais jovem tendo o mais experiente como referência, aos poucos eles estão construindo uma conexão na seleção.

Com Endrick, Dorival aposta na "paciência" para dar espaço no time aos poucos. Com Vini, a substituição foi porque ele estava "muito bem marcado".

O TEMPO JUNTOS EM CAMPO (SEM ACRÉSCIMOS)

- Inglaterra - 19 minutos

- Espanha - 26 minutos

- México - 16 minutos

- EUA - 25 minutos

OS DESENCONTROS

Mas essa dobradinha viveu alguns percalços que vão além da escolha de Dorival nas substituições nos Estados Unidos.

Endrick estreou na seleção no jogo contra a Colômbia. Entrou já na reta final de uma partida na qual Vini Jr. se machucou ainda no primeiro tempo.

Contra a Argentina, Diniz deu mais uma chance na etapa final ao atacante então no Palmeiras. Vini, lesionado, sequer estava no Maracanã.

A era Dorival concretizou a dobradinha. Mas, assim como a seleção, em geral, ela precisa de um entendimento melhor —embora o potencial de desequilíbrio positivo do jogo seja inegável.

Vini Jr., assediado por torcedores em Los Angeles, jogou ao lado de Endrick apenas 86 minutos pelo Brasil
Vini Jr., assediado por torcedores em Los Angeles, jogou ao lado de Endrick apenas 86 minutos pelo Brasil | Foto: RAFAEL RIBEIRO/CBF

PAPEL TÁTICO

Vini e Endrick não geram um choque de posicionamento. Podem muito bem ser complementares.

O encaixe no Real Madrid gera mais curiosidade até do que na seleção, já que a formação de Carlo Ancelotti tem uma dupla de ataque —Vini Jr. e Rodrygo— e não um trio. A ver inclusive, como será com Mbappé. Mas na seleção, o trio brasileiro do Real Madrid é compatível com a ideia de jogo de Dorival.

Endrick foi acionado quando o técnico entendeu que precisava de mais presença de área. E alguém que gere chances como Vini Jr. vem a calhar.

A questão é que Dorival não se mostra disposto a usar Endrick como titular ainda. Prefere, por ora, uma formação sem centroavante e com jogadores de mobilidade nas pontas e Rodrygo simulando um falso 9.

Só que se os gols ficarem escassos, apostar nos mais badalados pode se tornar inevitável.