A participação dos atletas brasileiros nos Jogos Olímpicos de Paris começou na quinta-feira (25) com importantes vitórias no handebol feminino (derrotou a Espanha por 29 a 18) e do futebol feminino (venceu a Nigéria por 1 a 0). O Brasil está sendo representado por 277 atletas que vão disputar 39 modalidades. A meta é superar os Jogos de Tóquio, quando o país conquistou o seu maior número de medalhas em uma única edição: 21. Mas a tarefa não será nada fácil.

Para traçar uma expectativa da participação brasileira na França, a FOLHA ouviu técnicos londrinenses sobre as possibilidades de medalhas do país no maior evento esportivo do planeta.

GINÁSTICA RÍTMICA

Uma dos esportes com chances reais de pódio é a ginástica rítmica. Pela primeira vez na história, a seleção brasileira chega como top 5 do mundo e com grandes resultados internacionais nas competições que antecederam as Olimpíadas. Na Copa do Mundo da Romênia, em julho, o Brasil conquistou quatro medalhas, algo nunca alcançado em uma única etapa.

"A expectativa é a melhor possível. Se a seleção acertar as duas coreografias, as chances de medalhas são reais", aponta a ex-ginasta e técnica Dayane Camillo. No entanto, Camillo ressaltou que a disputa em Paris deve ser umas das mais equilibradas da história.

"Esta Olimpíada será uma caixinha de surpresas. Nas etapas da Copa do Mundo, nunca os pódios foram os mesmos, nem no conjunto e nem no individual. O que confirma a grande qualidade de vários países", ressalta.

A equipe brasileira tem forte presença londrinense. A seleção é comandada por Camila Ferezin, conta com as ginastas Nicole Pircio e Gabriella Coradine, além da preparadora física Bruna Martins. Outra londrinense presente em Paris será Márcia Aversani, presidente da Federação Paranaense e membro do Comitê Técnico da Federação Internacional de Ginástica, que vai integrar a equipe de arbitragem dos Jogos.

A técnica londrinense Camila Ferezin orienta as atletas  da seleção de ginástica rítmica durante treino de aclimatação em Troyes: brasileiras buscam uma medalha olímpica inédita
A técnica londrinense Camila Ferezin orienta as atletas da seleção de ginástica rítmica durante treino de aclimatação em Troyes: brasileiras buscam uma medalha olímpica inédita | Foto: Marina Ziehe/COB

Atletismo

Com 44 atletas, o atletismo tem a maior delegação do Brasil nestas Olimpíadas. Com 19 medalhas, a modalidade é a segunda, ao lado da vela, que mais conquistou pódios para o país - o Judô tem 24.

O técnico Gilberto Miranda, da equipe Londrina/FEL/IPEC, aponta três nomes que têm grandes chances de medalhas em Paris. Caio Bonfim e Viviane Lyra na marcha atlética e Alison dos Santos, o Piu, nos 400 m com barreiras. "Os três conquistaram grandes resultados internacionais este ano e o Piu com certeza é um dos grandes nomes do atletismo mundial hoje", comentou.

Miranda ressaltou ainda que o Brasil tem boas chances no revezamento 4 x 400 e 4 x 100 masculino e no salto triplo com Almir Cunha. O treinador, no entanto, lamentou a ausência de Darlan Romani, que machucado não vai competir no arremesso do peso. "É uma baixa considerável. Certamente, ele brigaria por medalha."

A londrinense Lívia Avancini (arremesso do peso) garantiu nesta sexta-feira (26) a participação nos Jogos após um recurso da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo) ter sido acatado pelo CAS (Corte Arbitral do Esporte), em Paris.

"Feliz, demais. Acabou de acontecer. Muita emoção. Estamos correndo para ir para a abertura", reagiu Avancini ao saber da liberação.

Para Gilberto Miranda, a participação da atleta nas Olimpíadas é a certeza que o trabalho realizado na cidade está sendo feito de forma correta.

"Lívia iniciou no projeto há mais de 20 anos, passando por todos os programas (detecção, social, iniciação, formação e alto rendimento), mostrando assim a força de um projeto", frisou.

"Além do sonho de uma atleta, é um sonho de uma equipe, que muitas vezes é excluída por trabalhar, se dedicar e acreditar que o esporte em Londrina tem que ter início, meio e fim."

Miranda ressalta ainda que a chegada de um atleta formado na cidade é a inspiração para que mais investimentos sejam destinados ao esporte.

"Para Londrina, talvez seja a oportunidade da cidade acordar e entender a importância do esporte para divulgar uma cidade, para a inclusão social e para espelhar crianças e jovens."

A londrinense Lívia Avancini (arremesso do peso) garantiu a participação nos Jogos após um recurso da Confederação Brasileira de Atletismo ter sido acatado pelo Corte Arbitral do Esporte: "Feliz, demais"
A londrinense Lívia Avancini (arremesso do peso) garantiu a participação nos Jogos após um recurso da Confederação Brasileira de Atletismo ter sido acatado pelo Corte Arbitral do Esporte: "Feliz, demais" | Foto: Wander Roberto/COB

Basquete

Com uma classificação heroica no Pré-Olímpico, o basquete masculino chega a Paris para tentar surpreender. O Brasil só se garantiu nas Olimpíadas no início do mês ao ser campeão do torneio de acesso vencendo a Letônia, que jogava em casa.

Arody Neto, técnico da APVE Londrina Basketball, prevê uma disputa muito equilibrada de alto nível. "Diferente do passado, hoje temos equipes muito parecidas do ponto de vista técnico, até mesmo em razão da abertura da NBA para jogadores do mundo todo", frisou.

O Brasil na primeira fase enfrenta França, Alemanha e Japão. "A França joga em casa e tem um time fisicamente muito forte. A Alemanha é a atual campeã mundial e o Japão tem desvantagem na estatura, mas é um time taticamente bem organizado", ressaltou. "Será um caminho duro para passar de fase, mas era difícil chegar nas Olimpíadas também e o Brasil chegou." O basquete feminino não se classificou.

Futebol

Na provável última competição de Marta com a camisa da seleção brasileira, o Brasil terá pela frente no seu grupo - além da Nigéria, que venceu na estreia na quinta-feira - Japão e Espanha, atual campeã mundial.

Detentor de duas medalhas de prata, o futebol feminino tenta o inédito ouro. "O Brasil tem condição de jogar de igual para igual com todas as rivais, mas é um grupo difícil. O Japão é uma escola tradicional do futebol feminino e a Espanha está entre as melhores do mundo", apontou o técnico Johnny Gonçalves, do Londrina/Tsuro Oguido.

"Mas se classificar em um grupo como este fortalece o time para a sequência. Uma equipe campeã se forma durante a competição", comentou. O time masculino do Brasil não se classificou.

Vôlei

Apesar da quarta posição na última edição da Liga das Nações, a seleção brasileira feminina chega como uma das favoritas aos Jogos Olímpicos em busca do tricampeonato. Na primeira fase, os adversários serão Quênia (segunda-feira, às 8h), Japão e Polônia.

Já o time masculino está no grupo B ao lado de Polônia, Itália e Egito. A Seleção, comandada por Bernardinho, busca o quarto ouro da sua história. O Brasil estreia neste sábado (27), às 8 horas, contra a Itália.

Para o técnico Ronivaldo Marques, o Fumaça, o Brasil tem muita qualidade nas duas seleções, mas não dá para apontar os times brasileiros como grandes favoritos. "Temos grandes rivais atualmente e a disputa será muito igual. Apesar de toda a nossa qualidade, a dificuldade será enorme", ressaltou.