São Paulo - Rebeca Andrade é bicampeã mundial do salto. A brasileira, que em 2021 venceu tanto o Mundial quanto a Olimpíada de Tóquio, repetiu a dose neste sábado (7), na Antuérpia (Bélgica), desta vez deixando para trás a maior ginasta de todos os tempos. Simone Biles caiu no primeiro salto, quando tentou executar o chamado Biles II, e terminou com a prata.

A brasileira foi a última a se apresentar e acertou seu primeiro salto, um Cheng, com chegada cravada, tirando 15,000, maior nota da final e dela no Mundial. O segundo salto de Rebeca mais simples, mas com execução quase perfeita, um 9,5 de 10. Tirou 14,500, ficou com média 14,750, e levou o ouro. Biles, que teve 14,949 nas eliminatórias, ficou com 14,549, em segundo.

A medalha é a sétima da carreira de Rebeca em Mundiais, a sétima conquistada nas últimas três edições, e a terceira da competição deste ano. Ela já havia sido prata por equipes, na quarta, e no individual geral, ontem, em duas provas vencidas por Biles —na primeira, naturalmente, com a equipe dos EUA.

Com isso, Rebeca dispara como brasileira que mais medalhou em Mundiais. Até o começo da competição na Antuérpia, o posto era de Diego Hypolito, com cinco conquistas. Além disso, ela repete exatamente Diego, único que havia sido bicampeão. Ele venceu no solo em 2005 e 2007. Rebeca tinha tudo para ser tri, mas errou a chegada na mesa no segundo salto das eliminatórias do Mundial de 2022, e ficou fora da final. Comentarista do Sportv, Hypólito disse após o ouro de Rebeca neste sábado que ela é a maior atleta em modalidades individuais da história do esporte brasileiro.

Na Antuérpia, Rebeca ainda disputa as finais do solo e da trave amanhã (8). Na primeira, ela é forte candidata a medalha, uma vez que teve a segunda melhor nota de todo o Mundial, só atrás de BIles. A britânica Jessica Gadirova, outra concorrente, se machucou ontem e está fora da final. Flávia Saraiva, que também deixou a final do individual geral sentindo dores, está confirmada, e tem boas chances de subir ao pódio.

Em entrevista ao Sportv após subir ao lugar mais alto do pódio, a brasileira afirmou que mais este grande resultado é uma demonstração de que todo o trabalho da equipe de ginástica do país está sendo bem realizado. E que procura esquecer qualquer tipo de pressão e fazer apenas a sua parte. "Eu não me sinto pressionada por nada, não tenho obrigação de ganhar medalha, claro que todo que vem pra cá quer ganhar", afirmou. "É ter foco total, cabeça, conseguindo controlar meu corpo pra fazer tudo certo".

COMO FOI A FINAL?

Biles foi a primeira a se apresentar e arriscou o Biles II, mesmo tendo errado o salto no aquecimento, instantes antes. O Biles II é o novo nome do "Yurchenko Double Pike", um salto executado por ela pela primeira vez em 2019 e homologado nas eliminatórias do Mundial, na primeira vez que foi apresentado em uma competição da Federação Internacional de Ginástica (FIG).

O elemento tem uma nota de dificuldade 6,4, o que significa que é o mais difícil da ginástica. Nas eliminatórias, no domingo passado, Biles o acertou e tirou nota 15,266, apesar de ter sido punida com a perda de 0,500 porque seu técnico a esperou no colchão, para segurá-la em caso de uma queda grave.

Biles não repetiu esse salto na final por equipes, quarta, ou do individual geral, ontem, e foi campeã das duas provas com folga. Na final de hoje, sem o Biles II, a briga com Rebeca tenderia ser parelha. Foi nesse contexto que ela arriscou, e caiu de costas depois de aterrissar.

Como a execução não foi ótima e houve a queda, que desconta 0,500, Biles tirou 14,433. No segundo salto, cravado, tirou 14,666. Como que vale é a média, ficou com 14,549. Nas sete que vieram depois, só a sul-coreana Seojeong Yeo se aproximou, com 14,416 de média, ficando com o bronze.