A prata no individual geral em Paris faz de Rebeca Andrade a brasileira com mais medalhas em Jogos Olímpicos: um ouro, duas pratas e um bronze
A prata no individual geral em Paris faz de Rebeca Andrade a brasileira com mais medalhas em Jogos Olímpicos: um ouro, duas pratas e um bronze | Foto: Luiza Moraes/COB

Paris - Rebeca Andrade conquistou, nesta quinta-feira (1º), a medalha de prata no individual geral feminino da ginástica artística das Olimpíadas de Paris, chegando perto de algo que poucos acreditavam: vencer a melhor da história. Foi por pouco, mas o ouro ficou com a norte-americana Simone Biles. Sunisa Lee, do Japão, ficou com o bronze.

Rebeca Andrade chegou à segunda medalha nos Jogos Olímpicos de 2024 - prata no individual geral e bronze por equipes da ginástica artística -, e quer mais. A ginasta ainda vai disputar mais três finais e pode se tornar a maior medalhista olímpica do Brasil. Ela disse que está "vivendo Paris" e aproveitando cada momento do torneio.

"Eu acho que está sendo a primeira competição em que consigo assistir todas as meninas, porque normalmente eu fico mais fechada, não olho muito. Eu estou vivendo Paris, então eu estou aproveitando cada momento, e está sendo demais poder torcer, vibrar e voltar com mais uma medalha", declarou Rebeca Andrade.

Rebeca se tornou a mulher brasileira com mais medalhas na história das Olimpíadas. Com a prata no individual geral em Paris, a ginasta chegou a quatro pódios, ultrapassando Fofão (ex-jogadora de vôlei) e Mayra Aguiar (judoca).

A ginasta terá chances de ampliar o recorde ainda em Paris. Rebeca disputará três finais em aparelhos: trave, solo e salto, e admite que é um objetivo conseguir novas marcas.

"Ah, eu penso, não vou mentir Porque eu quero estar no pódio, mas o resultado é consequência. Eu tenho que fazer a minha parte para estar lá. Eu preciso fazer a minha parte. E esse é o foco", assume Rebeca Andrade.

DUELO COM BILES

Simone Biles chegou ao solo com uma vantagem de apenas 0,166 pontos sobre Rebeca, atual campeã olímpica no aparelho. Mas não é à toa que Biles é a melhor do mundo, com justiça. A norte-americana, que deu um grande passo na chegada do salto e vacilou nas assimétricas, precisava de 113,867, tirou 15,066, e ficou com o ouro.

Rebeca, com uma prata que enche o brasileiro de orgulho, reduzindo ainda mais a distância que a separa da melhor da história. Se no Mundial do ano passado Biles somou 1,633 a mais, hoje a diferença entre as duas foi de só 1,199 pontos.

O duelo, porém, muito provavelmente é o último entre as duas nessa prova. Biles deve se aposentar depois de Paris-2024, e Rebeca já indicou que não pretende continuar competindo nos quatro aparelhos.

Flávia Saraiva fechou a final em oitavo lugar. Ela começou muito bem a competição, nas paralelas e na trave, mas teve um escorregão no solo que a fez terminar com 54,032 pontos, em oitavo lugar. Sunisa Lee, dos EUA, ficou com o bronze, com 56,465.

Com a conquista desta quinta-feira (1), Recebe Andrade chegou à quarta medalha olímpica
Com a conquista desta quinta-feira (1), Recebe Andrade chegou à quarta medalha olímpica | Foto: Luiza Moraes/COB

A COMPETIÇÃO

O grupo com as duas estrelas começou a competição pelo salto, especialidade das duas. Rebeca foi na bola de segurança: seu 'Cheng', mais uma vez muito bem executado, e a mesma nota das eliminatórias, 15,100. Biles, por sua vez, arriscou, e foi recompensada pelos árbitros.

A norte-americana fez o salto mais difícil do mundo, o Biles II, e deu duas passadas grandes na aterrissagem. Mesmo assim recebeu 9,300 de execução, nota total 15.766, abrindo logo de cara uma vantagem que Rebeca só poderia tirar com um erro da norte-americana.

E foi isso que aconteceu nas assimétricas, quando Biles perdeu um giro e precisou consertar a série no barrote alto. Tirou 13,733 e voltou a abrir a disputa, já que Rebeca fez excelente apresentação e tirou um 14,666 que a colocaria na briga por medalhas na final do aparelho — exatamente a única para a qual não se classificou.

Biles viria a assumir a liderança na trave. A norte-americana não fez sua melhor apresentação no aparelho, que mesmo assim foi melhor do que o melhor de Rebeca no Mundial. A brasileira, por sua vez, teve um leve desequilíbrio, de um passo na saída, e tirou um 14,133 que não a fez sorrir.

No solo, mais uma apresentação quase perfeita. Um passinho fora na primeira passada não atrapalhou o show, que levantou o público e mereceu 14,033.

A FINAL DE FLÁVIA

Como foi 11ª colocada das eliminatórias, Flávia competiu no segundo grupo, das atletas que avançaram entre o sétimo e 12º lugar, que começou pelas paralelas. A brasileira teve uma de suas melhores apresentações no aparelho, seu ponto fraco. Repetiu a série das eliminatórias, melhorou a execução, e tirou 13,900.

Na trave, foi um show. Especialista na trave, mas com histórico de irregularidade em finais, Flavinha não só se manteve de pé como fez uma das melhores apresentações da vida, recebendo 14,266, uma melhora de mais de um ponto na comparação com as eliminatórias.

O bronze já era difícil, dada a ótima competição da italiana Alice D'Amato, quando Flavinha escorregou na sua apresentação de solo, que levantou o ginásio com palmas. Os árbitros foram rigorosos com o tombo depois do duplo carpado, e ela saiu com um 12,233.

No salto, Flávia não conseguiu a altura necessária e recebeu nota 13,633. No fim, terminou com pontuação pouco mais baixa do que das eliminatórias.

Rebeca vira a maior medalhista mulher do Brasil em Olimpíadas

A prata no individual geral em Paris-2024 faz da ginasta Rebeca Andrade, 25, a mulher brasileira com mais medalhas em Jogos Olímpicos.

Ela chegou ao seu quarto pódio olímpico e ultrapassou Hélia de Souza, a Fofão, do vôlei (um ouro e dois bronzes), e Mayra Aguiar, do judô (três bronzes).

Além disso, qualitativamente, Rebeca se torna a quarta maior medalhista da história olímpica do Brasil.

Com um ouro, duas pratas e um bronze, a paulista igualou-se ao canoísta baiano Isaquias Queiroz, também presente a estas Olimpíadas, que tem essas mesmas medalhas, obtidas no Rio-2016 (duas pratas, um bronze) e em Tóquio-2020 (ouro).

As conquistas de Rebeca aconteceram agora --a prata desta quinta-feira (1º) no conjunto dos quatro aparelhos mais o bronze por equipes- e em Tóquio, nos Jogos realizados em 2021 devido à pandemia de coronavírus.

Na Ásia, ela foi campeã no salto sobre a mesa e ficou em segundo lugar no individual geral, atrás da norte-americana Sunisa Lee.

Desta vez, outra ginasta dos EUA, a fenomenal Simone Biles, foi quem superou a brasileira no individual geral (disputa em que a atleta se apresenta no solo, no salto, nas barras e na trave).

Rebeca, agora, fica atrás entre os maiores nomes brasileiros em Olimpíadas apenas dos velejadores Robert Scheidt (cinco medalhas; dois ouros, duas pratas, um bronze) e Torben Grael (cinco medalhas; dois ouros, uma prata, dois bronzes) e de Serginho (Escadinha), do vôlei, que tem em sua coleção quatro láureas (dois ouros e duas pratas).

No quantitativo (total de medalhas, independentemente da cor), Rebeca, com quatro, só perde para Scheidt e Torben (cinco cada um) e está empatada com Serginho, Isaquias e Gustavo Borges (natação).

Considerando-se só as conquistas brasileiras em provas individuais, Rebeca, com três medalhas olímpicas (duas no individual geral e uma no salto), iguala-se a Isaquias (três pódios, todos na canoa C1), Scheidt (três pódios na classe laser), Gustavo Borges (três pódios; dois nos 100 m livre, um nos 200 m livre) e à judoca Mayra Aguiar (três pódios, até 78 kg).

MAIORES MEDALHISTAS DO BRASIL EM OLIMPÍADAS

Robert Scheidt, vela (5) - 2 ouros, 2 pratas, 1 bronze

Torben Grael, vela (5) - 2 ouros, 1 prata, 2 bronzes

Serginho, vôlei (4) - 2 ouros, 2 pratas

Isaquias Queiroz, canoagem velocidade, e Rebeca Andrade, ginástica artística (4) - 1 ouro, 2 pratas, 1 bronze

Gustavo Borges, natação (4) - 2 pratas, 2 bronzes

Marcelo Ferreira, vela (3) - 2 ouros, 1 bronze

Bruninho, Giba, Dante e Rodrigão, vôlei (3) - 1 ouro, 2 pratas

Emanuel e Ricardo, vôlei de praia (3) - 1 ouro, 1 prata, 1 bronze

Cesar Cielo, natação, Rodrigo Pessoa, hipismo, e Fofão, vôlei (3) - 1 ouro, 2 bronzes

Mayra Aguiar, judô (3) - 3 bronzes

(Luís Curro/Folhapress)