O Botafogo voltou à liderança do Brasileirão. E voltou a ser o time alvo de todos os adversários, principalmente de Flamengo e Palmeiras. O título do campeonato, deste ano, não deve fugir deste trio. São 13 rodadas para o final e pouco deve mudar até lá.

Como cada vez mais se fala do peso do calendário e do excesso de jogos, a concentração em poucas competições deve ser o diferencial para brigar pelo título. Neste aspecto, o Palmeiras leva vantagem: só tem o Brasileirão. O Flamengo ainda está na Libertadores e na Copa do Brasil. O Botafogo segue na Libertadores. E todos têm mais um adversário: o alto índice de lesões na temporada. Neste ponto, o Flamengo está em desvantagem.

Poderíamos estar analisando apenas a produção técnica da temporada para apostar num time para o título, mas não funciona assim. Todos os outros fatores acima mencionados influenciam no rendimento, pois estão ligados diretamente ao desempenho. Um time campeão é a somatória de um conjunto forte que sofreu menos na temporada, além de ter o melhor futebol.

No ano passado o Palmeiras tinha um bom futebol e soube melhor aproveitar as oportunidades. Este ano não tem o mesmo desempenho, com muitas oscilações, mas tem energia de campeão e carrega um passado recente vencedor que na hora das grandes decisões faz diferença. O Flamengo tem a possibilidade de um grande time, mas os esfalques e a pressão externa o fazem ser uma incógnita a cada jogo. Mas, é Flamengo.

E o Botafogo? O Botafogo, sem dúvida, tem a melhor administração de SAF até aqui; tem o melhor resgate de torcida dos últimos anos; tem as melhores contratações em custo-benefício do futebol brasileiro e tem a menor perda de jogadores por lesão entre os favoritos. Mas tem o maior jejum de títulos.

Os botafoguenses estão radiantes, acreditando que o raio não cai no mesmo lugar duas vezes, que a lição do ano passado já foi dura demais para ser repetida. Mas além de todos os pontos óbvios que compõem um time vencedor há um subjetivo: o hábito de ser campeão. É o famoso “peso da camisa”. Em horas decisivas o currículo vencedor faz muita diferença para os momentos de pressão. E isso falta ao Botafogo. E isso falta também aos jogadores do time, pouco vencedores. O Botafogo é líder e tem apresentado um belo futebol, mas ainda é uma aposta para o título deste ano.

Julio Oliveira é jornalista e locutor esportivo da TV Globo - A opinião do colunista não reflete, necessariamente, a da Folha de Londrina