Temos futebol no Brasil de janeiro a dezembro. Os torneios se misturam, se confrontam e se dividem na importância conforme as fases. É tanto campeonato que falta vontade até do torcedor em acompanhar alguns jogos do seu próprio time...

E como tudo se repete, as discussões também. E o tal do calendário já é agenda permanente dos debates, antes e depois das competições. Embora toda discussão avance para uma evolução que gere crescimento e melhora de um setor, no futebol não acontece.

Mas quem e quando se reclama do calendário do futebol brasileiro? Na lista do QUEM não aparecem os dirigentes, que organizam e assinam pelas competições. Na lista do QUANDO estão as lesões, datas conflitantes, planejamento e qualidade dos jogos. Volume gera quantidade que se afasta da qualidade.

Os grandes times brasileiros podem disputar até cinco títulos numa mesma temporada (incluindo a Recopa). E quem vai abrir mão de não estar em determinada competição e perder receita? Qual dirigente tem a coragem de debater o sistema, se vive refém de prêmios para pagar seus jogadores milionários, que aceitam essa condição em troca de salários fora da realidade, mas que o sistema aceita pagar? A cadeia é complexa. O futebol já foi entretenimento. Hoje é negócio.

Na Inglaterra, o Manchester City fez 59 jogos na última temporada; na Espanha, o Real Madrid, 55; na Alemanha, o Bayer Leverkusen, 53. No Brasil, os principais times devem passar de 70 jogos neste ano. Como comparar? Não dá. Não é possível. Por lá não há estaduais. Não é só calendário, é cultura também.

Como é possível melhorar? Primeiramente é preciso que todas as partes se reúnam para encontrar equilíbrio, sem vaidades ou poder. Mas quem se arriscaria a ser o primeiro, até porque seu time pode estar no próximo mundial de clubes e precisar de mais datas....

Julio Oliveira é jornalista e locutor esportivo da TV Globo - A opinião do colunista não representa, necessariamente, a da Folha de Londrina