O desejo da maioria dos atletas é devolver algo ao clube que os projetou. No futebol, principalmente, essa gratidão significa encerrar a carreira no time de formação ou só voltar ao país natal. É como se o ciclo se encerrasse, de fato. Já os times se sentem envaidecidos por terem sido lembrados neste momento, depois que o atleta tantas conquistas teve e não precisaria mais agradecer por isso, já que o próprio time já se sente orgulhoso de estar na história daquele jogador.

Essa volta tem sido muito mais benéfica para os jogadores do que para os times. A idade, sempre na casa dos 35, já não coloca o jogador em condições de apresentar seu ápice, mas o time espera colher algum benefício. O torcedor, ainda mais ansioso, quer ver o craque que andou pelos maiores clubes do mundo vestir a camisa de seu time.

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Primeiro passo

A história recente mostra poucos casos positivos de jogador veterano que retornou e conseguiu contribuir. Ronaldo, no Corinthians, é um deles. E olha que o Fenômeno nem tinha história anterior com o Timão. Ronaldo mudou o Corinthians de patamar. O time melhorou a marca, construiu Centro de Treinamento e, praticamente, se profissionalizou. Hulk, no Atlético-MG, é outro exemplo positivo, tendo até seu nome mencionado para voltar à Seleção. Outros tantos voltaram e contribuíram pouco: Hernanes e Daniel Alves, no São Paulo; Douglas Costa, no Grêmio; Diego Costa, no Galo; Luiz Adriano, no Palmeiras e agora no Internacional.

O mercado europeu não tem mais espaço para jogadores acima de 30 anos. Mas o futebol brasileiro ainda acredita ser um grande negócio pagar salários altíssimos a esses repatriados. Agora é a vez de Marcelo, no Fluminense. Declarações de amor de lado a lado e o lateral está voltando ao país, depois de 17 anos. Marcelo, em seis meses na Grécia, foi titular apenas duas vezes dos 10 jogos que disputou pelo Olympiakos.

Enquanto os clubes fazem parcerias para essas contratações e visualizam o aumento de sócios-torcedores e vendas de camisas, o aspecto técnico fica estacionado. Os “filhos”, agora mais velhos, voltam pra casa e sem a mesma disposição para fazer a diferença. E não atrasam só o clube escolhido, mas todo o futebol brasileiro, porque a onda do “repatriar” atinge quase todos os grandes e o nível técnico se equipara. Esse nível que tem colocado o nosso futebol longe de ser protagonista há muito tempo. Mas o enfeite segue sendo mais importante, esquecendo que o sabor está no recheio, e cedo ou tarde vai azedar.

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