O crescimento e renovação de torcedores de um clube passam, principalmente, por dois fatores: títulos e ídolos.

Nossa mente é doutrinada para a vitória, para o sucesso. É sinal de força fazer parte do lado vencedor. É cultura. Se uma equipe mantém um longo período de conquistas, tem um crescimento de torcedores. A nova geração também se influencia por aquilo que ela vive no momento, como referência de escolha vencedora. E se esse time é o mesmo de pais, essa renovação de gerações de torcedores fica mais natural.

Mas há períodos em que surgem atletas que se tornam extremamente fortes dentro da história daquela camisa vencedora: os ídolos.

Na última semana as duas maiores torcidas do país sofreram com seus atuais ídolos. A do Flamengo vai vendo o encanto acabar com “Gabigol” devido ao ano melancólico que o atacante vive. De reserva a suspensão por doping; de declarações polêmicas a vestir camisa de time rival. O amor estremeceu por que o grande ídolo do passado recente já não cativa mais. E um ídolo não pode, mesmo em má fase, decepcionar no conjunto daquilo que se forma um atleta de referência: postura e comportamento.

O torcedor corintiano viu o maior goleiro da história do clube encerrar um ciclo. Maturidade para entender que o seu tempo alvinegro chegou ao fim depois de 12 anos e cinco meses. Venceu, foi líder e entrou para a história. E ídolo pode ir embora, por entender que sua contribuição está aquém, neste momento, daquilo que a agremiação precisa.

Cássio se despede do Corinthians com 712 jogos, o segundo que mais atuou pelo clube, só atrás de Wladimir, como 806. Gabigol perdeu a camisa 10, eternamente marcada por Zico, que é o maior ídolo rubro-negro. A diretoria do Timão planeja um busto para Cássio. Dirigentes do Flamengo não querem mais Gabigol. O torcedor do Corinthians jamais esquecerá Cássio; o do Flamengo lembrará mais dos títulos da era do ex-camisa 10. Os ídolos, de verdade e de mentira, estão acabando.