Depois de 13 anos o Londrina vai reassumir o departamento de futebol do clube. A SM Sports vive os seus últimos dias como parceira do Tubarão e a rescisão do contrato será oficializada ainda esta semana. Responsável por recolocar o LEC no cenário do futebol brasileiro, com títulos e acessos, a empresa de Sérgio Malucelli perdeu poder de investimento nos últimos anos, acumulou dívidas, montou elencos de qualidade duvidosa e sai de cena desgastada com o clube, com a torcida e com a cidade.

Sob o comando de Claudio Tencati, o Londrina viveu os momentos mais vitoriosos durante a era SM Sports
Sob o comando de Claudio Tencati, o Londrina viveu os momentos mais vitoriosos durante a era SM Sports | Foto: Gustavo Oliveira/LEC/Arquivo

A SM Sports surge em 2011 como a salvadora da pátria do LEC em um cenário de intervenção da Justiça do Trabalho, enormes dívidas, um quase rebaixamento para a terceira divisão do Paranaense no ano anterior sob a gestão do grupo Universe e um departamento de futebol dilapidado, sem dinheiro e sem calendário.

Leia mais sobre o LEC

Rebaixado, LEC tem a pior campanha na Série B na era SM Sports

Conselho do LEC aprova fim da parceria com a SM Sports

Apostando em um centro de treinamento moderno e em um treinador inexperiente, a nova gestora do futebol alviceleste conseguiu o objetivo principal logo no primeiro ano. Sob o comando de Claudio Tencati, o Tubarão conquistou, sem muitos percalços, o título da Divisão de Acesso do Paranaense.

Apesar de estar de volta à elite do futebol do Estado e de ter feito uma campanha espetacular no Paranaense de 2013, o ano marcante para a virada alviceleste seria o de 2014. O clube voltou a ser campeão estadual depois de 22 anos e garantiu calendário nacional com a participação na Série D. A partir daí, o time foi galgando degraus até chegar à Série B, em 2016. O clube havia disputado a competição pela última vez em 2004.

Sérgio Malucelli comandou o futebol do Londrina por 13 anos e deixa o clube desgastado com a diretoria e a torcida
Sérgio Malucelli comandou o futebol do Londrina por 13 anos e deixa o clube desgastado com a diretoria e a torcida | Foto: Gustavo Oliveira/LEC/Arquivo

Ao mesmo tempo em que Tencati se tornava o técnico mais longevo do futebol brasileiro, o LEC bateu duas vezes na trave para alcançar o tão sonhado acesso para a Série A. Em 2016, terminou em sexto, a três pontos do G4. No seguinte, foi quinto, a dois pontos do acesso. Mas Tencati ainda teria um título nacional antes de se despedir e entrar na história alviceleste. A conquista da extinta Copa da Primeira Liga, após passar por gigantes como Fluminense, Cruzeiro e Atlético-MG.

A saída de Claudio Tencati após sete anos deixou uma lacuna no clube, que nunca mais conseguiu se acertar com um treinador. A não ser, em raros momentos de exceção, como com Roberto Fonseca no segundo semestre de 2018 e com Adilson Batista em 2022. A crise técnica culminou com a queda para a Série C, em 2019, o primeiro rebaixamento sob a gestão terceirizada.

Apesar da pandemia do novo coronavírus em 2020 e dos poucos recursos, o Londrina conseguiu no último jogo voltar para a Série B. Mas a parceria já começava a dar os primeiros sinais de desgaste. Era o último ano do contrato firmado em 2011. Sérgio Malucelli chegou a afirmar que não tinha interesse em permanecer, mas sem uma outra alternativa, o LEC o convenceu a ficar e a parceria foi renovada por mais cinco anos.

O que se viu de 2021 em diante foi a montagem de times ruins - se salvou da queda em 2021 na última rodada -, salários atrasados, ações trabalhistas, uma rotatividade enorme de jogadores e treinadores, em 2023 foram nove, e um distanciamento jamais visto entre clube, torcida e cidade. Em 2023, quando o LEC caiu pela segunda vez para a Série C em quatro anos, o time chegou a jogar com 300 pagantes no estádio do Café.

Além do rebaixamento na Série B, o último ano da parceria, que teria validade até dezembro de 2025, foi marcado pela vexatória campanha no Paranaense - terminou em 10º lugar - e pela eliminação logo na primeira fase da Copa do Brasil para o inexpressivo Nova Mutum (MT).

Já não havia mais diálogo entre clube e gestor e nem motivos para manter a parceria. Pressionado internamente e por boa parte da torcida, a diretoria executiva decidir romper o acordo e retomar o controle do futebol. Apesar do distrato ter sido amigável, o LEC precisou aceitar imposições e saiu com consequências da parceria. Assumiu dívidas na casa dos R$ 12 milhões do parceiro e terá que montar um departamento de futebol começando do zero. Terá a dura missão de reconstruir o time e recolocar o LEC nos trilhos dos títulos e acessos, assim como foi em 2011.

Receba nossas notícias direto no seu celular! Envie também suas fotos para a seção 'A cidade fala'. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068