As duas maiores competições de seleções de continentes estarão em disputa simultaneamente. A europeia já começou. E se vivemos comprando nosso futebol com os grandes times da Europa, é um bom momento para ver também as seleções em uma boa competição.

Na minha opinião, o principal comparativo não está no estilo e qualidade técnica de lá ou de cá, está no fato de todos os principais jogadores das seleções europeias ou sul-americanas jogarem na Europa. Há muito mais uma homogeneização do futebol do que propriamente dizer que um está acima do outro.

E não adianta ficar no comparativo de “antigamente era assim...”, a realidade é a que vai dimensionar escolhas para o enfrentamento de um novo tempo no futebol. Daqui a dois anos temos Copa do Mundo. Eurocopa e Copa América são amostras reais do que será o próximo mundial, e se não jogamos mais contra times europeus, precisamos entender quais são as reais diferenças de competitividade hoje. E ela não está nos talentos.

França, Itália, Alemanha e Espanha são as favoritas por lá. Sem novidades, mas com algo em comum: todas com jovens jogadores despontando a estrelas de suas seleções e da competição. Bellingham, da Inglaterra tem 20 anos; Yamal, espanhol, 16; Wirtz, alemão, 21. Essa é uma realidade: renovação.

Outro ponto: grandes nomes estão encerrando ciclos: Modric, Toni Kroos e Cristiano Ronaldo, por exemplo.

Aqui estamos debatendo se Endrick deve ser titular ou preservado aos 17 anos. Lá, Lamin Yamal, com 16, é titular absoluto na seleção espanhola. Não é qualidade, é metodologia. O torcedor do Fluminense está vibrando porque seu time contratou um jogador de 39 anos. O Flamengo, o clube mais bem equilibrado financeiramente na atualidade, não tem nenhum jovem como titular (Lorran, 17, ainda disputa posição). Já o Palmeiras tem administrado melhor esse processo, revelando, colocando para jogar e vendendo.

O paradoxo é que temos craques jovens, mas não os temos aqui. Eles vão para o futebol que tem o dinheiro e uma padronização tática. Se quisermos voltar a ser protagonistas precisamos ter os talentos por tempo mais aqui, para jogar mais como brasileiros do que como europeus.