A partida do Brasil contra a Colômbia na última quinta-feira (16) mostrou a dificuldade de se mudar um estilo de jogo. Sair do papel de construção para o de ataque, como propósito principal. Com Neymar, o Brasil tinha mais presença intermediária para “construir” jogadas. Sem Neymar foram quatro atacantes, mas sem meio criativo.

Pep Guardiola, em seu livro “Confidencial”, destacou que um jogo se ganha e se perde no meio-campo. É o coração de qualquer embate de dois times. E contra a Colômbia, o Brasil perdeu este setor o jogo todo. Mas não quero, aqui, fazer análise tática e não é o meu conhecimento, mas destacar como estamos só criando jogadores que atacam espaços e não os que constroem jogadas.

Os desenhos táticos são apenas números: 4-4-2, 3-5-2, 4-4-3, 4-5-1 ou 4-1-4-1. É a movimentação e a ocupação dos espaços que vão determinar a eficiência de cada jogador executando sua função. O antigo ponteiro - hoje jogador de lado – tinha a característica de partir pra cima do lateral pra chegar à linha de fundo. O jogador de lado do futebol atual ataca espaços entre lateral e zagueiro para inverter jogadas.

O tradicional “9” que conhecemos, e está cada vez mais raro, era o matador dentro da área. Não é mais incomum vermos times sem o centroavante, função ocupada por meias que chegam à área, que procuram brechas entre volantes, zagueiros e laterais. E quem cria???

As mudanças táticas vão ocorrer, e são necessárias para haver novas possibilidades, mas há coisas que não dá pra imaginar que desapareçam do futebol: o pensador, o eterno camisa 10. Não se empilha um time de atacantes e nem se povoa o meio de volantes. Isso não é equilíbrio. O futebol é tão genial que possibilitou muitas variações, mas ainda não permitiu que um time não tenha um armador para fazer a diferença. Sim, eles estão ficando mais raros, mas é aí que ainda está a diferença.

A Colômbia tinha James Rodríguez, que mesmo não sendo o de 2014 fez diferença. Amanhã, enfrentaremos Lionel Messi. Não apenas por ser um gênio, mas por ser um criador excepcional. O problema a meu ver nem é a Argentina, é o Brasil sem saber como vai jogar amanhã e no futuro.