O prazer pela corrida se tornou um motivo para superar os limites e alcançar novos objetivos. Foi também uma maneira de melhorar a qualidade de vida e ser exemplo de que todos podem praticar atividades físicas. Este é um roteiro semelhante para três londrinenses que se apaixonaram pelas provas pedestres e conquistaram a Mandala Six Star, uma medalha especial por terem concluído um circuito com as seis mais importantes maratonas do mundo.

O dentista Lauro Mizuno completou a Six Majors e já começou a segunda volta pelas principais maratonas do mundo
O dentista Lauro Mizuno completou a Six Majors e já começou a segunda volta pelas principais maratonas do mundo | Foto: Arquivo Pessoal

O médico urologista Frederico de Carvalho Fraga, o dentista Lauro Toyoshi Mizuno e a psicóloga Namara de Souza concluíram o circuito das Six Majors, que engloba as maratonas de Nova York, Boston, Chicago, Berlim, Londres e Tóquio, e que é chancelado pela World Athletics (Federação Internacional de Atletismo). "É como se fosse o Grand Slam do tênis, mas o diferencial das corridas de rua para as outras modalidades é que nas corridas todos chegam no final, todos ganham, todos saem felizes", comenta Mizuno, que já disputou 33 maratonas.

Lauro Mizuno, 59 anos, lembra que nunca pensou em correr maratonas e que praticava apenas corridas mais curtas de até 10 quilômetros. Foi levado por alguns amigos a correr meia maratonas até resolver experimentar as provas de 42,195 quilômetros.

"Não tinha treinador e fui aprendendo muita coisa por conta própria. Me sentia tão bem depois da provas porque era realmente um desafio de você se dedicar durante vários meses e alcançar o objetivo. Te traz um fortalecimento mental e disciplina incríveis", ressalta. "Maratona não é para todos, mas correr sim. É importante que as pessoas entendam a importância da atividade física porque vivemos uma epidemia de sedentarismo no mundo."

Namara de Souza começou a correr para largar do cigarro e já participou de 19 maratonas
Namara de Souza começou a correr para largar do cigarro e já participou de 19 maratonas | Foto: Arquivo Pessoal

Acostumada a trabalhar com pacientes dependentes químicos, Namara de Souza descobriu nas corridas de rua uma ferramenta poderosa para superar os próprios vícios. "Em 2002, estava fugindo do cigarro porque me incomodava demais e nas corridas o que mais você houve são palavras como superação e inspiração. Comecei no triatlon e a correr sem nenhum objetivo. Em 2013, corri a maratona de Chicago e terminei o circuito das Majors em abril deste ano em Boston", revela.

Aos 69 anos, Souza já disputou 19 maratonas e tenta inspirar novas mulheres a praticarem atividades físicas. "Hoje temos muitas mulheres na faixa de 30 anos que participam de corridas, mas este número diminui muito a partir dos 50 anos. Muitas vezes em um quadro depressivo se esquece que os exercícios podem ser uma boa saída. A participação feminina aumentou, mas ainda somos minoria. Não é preciso competir, bastar correr e se exercitar, faz bem para a cabeça. E pode ser praticada em qualquer idade."

Duas mandalas

Quando fazia a residência médica, Frederico Fraga decidiu que era preciso se exercitar. Começou no triatlon, pois era bom nadador. Mas teve a bicicleta furtada e seguir no triatlon ficou impossível. Se enveredou para as corridas e entendeu que não bastava apenas treinar, tinha que participar de provas oficiais. Em 1996, correu a sua primeira São Silvestre - já foram 28 até hoje - e em 2001 disputou a Maratona de Nova York - são 30 maratonas no total.

O médico Frederico Fraga completou a Six Majors e também o Desafio dos Sete Continentes
O médico Frederico Fraga completou a Six Majors e também o Desafio dos Sete Continentes | Foto: Arquivo Pessoal

"A São Silvestre é sempre uma boa alternativa para quem quer começar, para planejar uma corrida por ano, por exemplo. É uma prova que motiva porque todo mundo volta com uma medalha para casa", conta.

Fraga concluiu a Majors em abril deste ano na Maratona de Boston. Não satisfeito com a sua primeira Mandala, o médico encarou e concluiu o Desafio dos Sete Continentes, com uma corrida em cada continente. "Para correr na Antártida, eu coloquei uma bicicleta dentro do refrigerador durante os treinos para testar as roupas que eu usaria na prova", recorda.

O urologista destaca que as corridas pedestres hoje são um fenômeno de popularidade no mundo todo e que é uma ótima maneira das pessoas começarem a praticar atividades físicas. "Todos nós trabalhamos, temos os nossos problemas no dia a dia, não somos profissionais do esporte e corremos. Participe de um grupo, comece com provas curtas, treinando dois a três dias por semana. Com esforço e dedicação, é possível mudar. E fica a dica, quando for viajar leve um tênis na mala, use o tênis, corra e você ficará mais feliz."