Não é sempre que temos a oportunidade de ficar perto de um ídolo ou de alguém que tenha uma participação especial na história. Quando essas chances acontecem, temos que registrar, seja com um autógrafo, uma foto ou um presente que lembre para todo sempre aquele encontro.

Imagem ilustrativa da imagem A foto com o Capita
| Foto: iStock

O trabalho me permitiu estar ao lado de grandes nomes do nosso futebol. Alguns pela proximidade de eventos e outros como companheiros de transmissões. Campeões daqui, dali e do mundo todo. Campeões de clubes, campeões de seleções. Mas, confesso, nunca fui muito de tietar, nem de assediar para gerar um portfólio especial ao longo do tempo. Mas sempre há exceções, aquelas personagens que são quase de outro mundo, que foram históricos em suas conquistas.

O capitão do Brasil na Copa de 70, Carlos Alberto Torres, foi companheiro de trabalho entre 2014 e 2016. O Capita era dócil e educado com todos. Um exemplo de pessoa sensível e comprometida com o trabalho o tempo todo.

Encontrar Carlos Alberto nos corredores entre um programa e outro me gerava recordações maravilhosas da melhor seleção de todos os tempos, e era quase impossível acreditar que aquele Senhor que havia jogado com Pelé, Gerson, Jairzinho e feito história no futebol dos Estados Unidos cruzava meu caminho frequentemente. Pedir para tirar uma foto com o Capita passou a ser um exercício constante da minha timidez diante de uma pessoa que já fora aplaudida pelo mundo todo.

Mas precisava de uma ação, de uma atitude. E foi num domingo. Quando terminei a transmissão de um jogo e fui ao camarim para retirar o uniforme, Carlos Alberto estava sentado em uma cadeira esperando o momento de entrar no ar para o Troca de Passes. Como sempre, chegava cedo e aguardava pacientemente. Foi nesse momento o vendo tranquilo e sereno que imaginei: agora é a hora de eu fazer a minha tão sonhada foto. E disse: “Capita, me dá a honra de tirar uma foto contigo?”. Ele se levantou, com toda a educação do mundo e respondeu: “A honra é minha vindo o pedido de uma voz como essa”. Fiquei envergonhado, tremi, mas tiramos a foto. E mais uma vez Carlos Alberto foi um verdadeiro capitão, como sempre disseram ao longo de sua vida.

Julio Oliveira é jornalista e locutor esportivo da TV Globo – A opinião do colunista não reflete, necessariamente, a da Folha de Londrina