Com 45 milhões de usuários brasileiros, a Shein, varejista de moda, beleza e estilo de vida, mira no potencial consumidor paranaense e inclui quatro das maiores cidades do Estado em seu projeto de expansão do marketplace no país. A expectativa é que até novembro, 1,5 mil vendedores de Curitiba, Londrina, Maringá e Cascavel juntem-se aos 25 mil vendedores já ativos na plataforma de e-commerce.

O Brasil foi o primeiro país do mundo onde a Shein atua a desenvolver o marketplace. O projeto piloto começou em abril de 2023, em São Paulo. A partir de 2024, a estratégia de negócios foi ampliada e chegou ao Rio de Janeiro, em março, em Minas Gerais, em maio, e agora, ao Paraná. Posteriormente, o modelo será estendido também a Santa Catarina e ao Rio Grande do Sul. “A gente enxergou no Brasil um grande potencial por causa do parque têxtil, por causa do cenário bem desenvolvido do marketplace, com empresas já bem desenvolvidas”, apontou o country manager da Shein no Brasil, Felipe Feistler. “

Associada ao marketplace, a empresa investe em outra frente, que é o impulso à produção nacional. Duas iniciativas que deverão alavancar os resultados da empresa chinesa, que entre uma das metas definidas para 2026 está o aumento para 85% na participação dos produtos locais nas vendas da plataforma. “O marketplace lançado no ano passado cresceu tanto e foi um crescimento exponencial. Hoje, 55% das vendas da Shein no Brasil são de marketplace. Vendemos muito. Temos um público de 45 milhões de consumidores”, disse Feistler.

Os planos de crescimento baseiam-se na capacidade logística da empresa. “Se estou falando de vendedores no Paraná, eu preciso ter pontos de entrega da Shein, parceiros logísticos para pegar os produtos e enviar para os consumidores. Todo esse sistema logístico precisar estar pronto para atender. Hoje, estamos prontos para os vendedores paranaenses se cadastrarem”, destacou o country manager.

“A primeira expansão explica que estamos adensando logisticamente em torno da capacidade atual da Shein. Os nossos armazéns estão em Guarulhos. Obviamente, com a expansão da empresa, nossa capacidade logística expande junto. Conforme a gente for desenvolvendo nossa capacidade logística, a ideia é ir para outros estados”, explicou Feistler.

Segundo o executivo, há uma demanda cada vez mais regional por produtos e quando se fala em moda, os regionalismos influenciam a preferência dos consumidores. Ter vendedores mais próximos do mercado consumidor significa ter profissionais atentos aos desejos de cada região do país.

Para a varejista, o aporte no número de vendedores tem como reflexo o crescimento nas vendas e, para quem comercializa seus produtos na plataforma, Feistler apresenta uma lista de vantagens. A primeira é o número expressivo de consumidores cadastrados, o que amplia consideravelmente as oportunidades de negócios.

Mas ele cita ainda a possibilidade de os empresários, especialmente os pequenos e médios, ingressarem no comércio de moda on-line. A varejista chinesa oferece treinamento e informações sobre as tendências do setor. Os vendedores da plataforma ainda participam das campanhas em datas comemorativas relevantes para o comércio, assim como das campanhas internas próprias, têm isenção da taxa de 16% de comissão nos primeiros 30 dias de atividade e têm acesso às soluções logísticas da empresa.

Se o produto tiver uma boa aceitação entre os clientes, os vendedores ainda terão os algoritmos trabalhando ao seu favor, fazendo com que eles sejam apresentados a um número maior de clientes.

Para ingressar na plataforma, a varejista chinesa disponibiliza um link e um QR Code por onde os empresários podem se cadastrar. A aprovação é condicionada ao cumprimento de quatro exigências: a capacidade de produzir moda, a qualidade dos produtos, o CNPJ em conformidade com as questões tributárias e a genuinidade. Produtos falsos não podem ser comercializados no marketplace.

Os marketplaces são um modelo de negócio em larga expansão. Um levantamento realizado pela ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico) no início de 2024 apontava uma perspectiva de faturamento de R$ 205 bilhões para este ano e segundo um relatório do Webshoppers, 84% das lojas on-line utilizam como canal de vendas os marketplaces. Neste ano, a expectativa de crescimento é de 54%.

A maringaense VM Jalecos e Acessórios iniciou no marketplace em setembro do ano passado. A fábrica de jalecos e pijamas cirúrgicos já atuava no varejo virtual, mas foi com o ingresso na Shein que experimentou a maior expansão. No segundo mês de atuação no marketplace, ele comercializou 1,5 mil unidades. Hoje, 200 mil. O faturamento deve saltar de R$ 5,6 milhões no ano passado para R$ 10 milhões neste ano, com projeção de chegar aos R$ 18 milhões em 2026.

Atualmente, a empresa emprega formalmente 111 trabalhadores em Maringá e região, responsáveis pela produção dos itens que vão para todo o Brasil. “Cerca de 65% das nossas vendas acontecem em São Paulo capital, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, sendo mais da metade do total, em São Paulo”, comentou o CEO da empresa, Alison Garcia.

Para o próximo ano, ele planeja o crescimento nas vendas, mas os maiores esforços deverão ser feitos no sentido de fortalecer a marca no mercado consumidor. “Até aqui, a gente deu bastante atenção paras as vendas. Agora, os planos são investir em branding”, disse Garcia.