O cadastro das chaves para o Pix, novo sistema de pagamentos instantâneos do BC (Banco Central), começou nesta segunda-feira (5). De acordo com a autoridade monetária, entre as 9h, quando o sistema abriu para registros, e as 12h30, foram mais de 1 milhão de cadastros. A quantidade de acessos chegou a gerar instabilidade nos aplicativos de bancos.

Imagem ilustrativa da imagem Sistema do Banco Central amplia acesso a pagamentos instantâneos
| Foto: Guilherme Rodrigues/MyPhotoPress/Folhapress

O Pix, que começará a funcionar no dia 16 de novembro, reduzirá para 10 segundos o tempo de liquidação de pagamentos entre estabelecimentos com conta em bancos e instituições diferentes. As transações poderão ser feitas por meio de QR Code (versão avançada do código de barras lida pela câmera do celular) ou com base na chave cadastrada, 24 horas por dia.

O registro das chaves é quando o cliente vincula ao número do celular ou ao endereço de e-mail, por exemplo, as informações pessoais e bancárias dele. Quem fizer o cadastramento das chaves não vai precisar informar todos os seus dados na hora de transferir dinheiro ou pagar conta pelo Pix, apenas falar a chave cadastrada (CPF, e-mail ou número de celular, por exemplo). Mas o cliente não precisa ter feito o registro das chaves para realizar uma operação pelo Pix, trata-se apenas de uma conveniência oferecida aos usuários.

A previsão é que o novo sistema esteja completamente disponível para operação só a partir de 16 de novembro. O Pix permitirá mandar dinheiro para outra pessoa ou empresa de maneira instantânea e independente de qual seja a instituição de recebimento. As transações poderão ser feitas 24 horas por dia, nos sete dias da semana, incluindo feriados, e acontecerão de maneira gratuita para pessoas físicas e microempreendedores individuais.

Na prática, o Pix vai transformar toda conta -seja ela corrente, poupança, de pagamento ou uma carteira digital- em um grande sistema de pagamentos que concorrerá com cartões e maquininhas.

A nova ferramenta trará agilidade em relação a sistemas atuais de pagamento, como a TED (transferência eletrônica disponível), que leva até duas horas para ser compensada, e o DOC (documento de ordem de crédito), liquidado apenas no dia útil seguinte.

O Head do CAPCO Digital Lab São Paulo, consultoria global de gestão e tecnologia dedicada ao setor de serviços financeiros, explica que o que está por trás do Pix é uma grande arquitetura tecnológica que funciona como se fosse uma troca de mensagens. "É tão simples como se eu mandasse uma mensagem para você. Consiste num aviso de transferência de um banco para outro e isso tudo cercado de segurança orquestrada pelo Banco Central, em um canal todo encriptado, de ponta a ponta."

Os antigos sistemas de TED e DOC foram desenhados sobre um sistema de compensações, que envolviam vários processos para garantir a operação, afirma o head. Por isso era mais oneroso e demorado. "Quanto mais processos tem na cadeia, mais caro acaba ficando, mais oneroso. Quando você simplifica o processo, acaba saindo mais barato."

COMPETITIVIDADE

Segundo Silva, o Pix nasceu de uma agenda do Banco Central com três grandes objetivos. O primeiro é reduzir a população não bancarizada, que chega a 48 milhões de pessoas no Brasil. O segundo é diminuir o uso de dinheiro e o terceiro é aumentar a competição.

"Hoje no Brasil temos um cenário bem criativo. Muitas opções de digital wallets (carteiras digitais), bancos de fintechs, e nesse cenário todo começaram a surgir cada vez mais soluções. O Banco Central interveio para criar um ambiente que seja melhor para o cliente. Está no centro dessa grande mudança fazer um sistema de pagamentos brasileiro que não seja pulverizado, em que todos os competidores tenham uma forma de competir e levar o mercado mais para frente", explicou Silva.

Com o surgimento de soluções de pagamentos instantâneos alheios aos grandes bancos, muitos usuários se viram utilizando vários serviços diferentes, com padrões diferentes, para fazer transações. Conforme explica Silva, o Pix veio para padronizar essas transações. "Cada um dos competidores tinha um padrão próprio. Isso tornava a vida das pessoas muito ruim, dificultava virar essa chave de optar entrar no mundo pagamentos digitais."(Com agências)