O Paraná entrou em alerta contra a gripe aviária após a confirmação de casos recentes em sete países da América do Sul – Chile, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Uruguai e Argentina.

Fábio Mezzadri, técnico do Departamento Técnico e Econômico do Sistema Faep/Senar-PR, explica que o cenário atual exige redobrar os cuidados com a sanidade animal.

“São recomendados o isolamento das granjas para pessoas de fora do sistema e o cuidado com as instalações de proteção contra aves silvestres, como telas e outros meios de barrar aves de fora da propriedade”, pontuou.

A doença nunca chegou ao Brasil, mas caso sejam identificadas aves com os sintomas da doença em território paranaense, a Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná) deve ser imediatamente notificada.

Os principais sintomas da gripe aviária são espirros, tosse, lacrimejamento, cara e crista inchadas, diarreia, corrimento nasal e dificuldade respiratória, além de mudança no comportamento, diminuição da produção de ovos e falta de apetite.

BARREIRAS

O técnico explica que, se a gripe aviária entrar em território nacional, barreiras sanitárias podem ser impostas por países importadores.

“Isso pode afetar as exportações brasileiras, que em 2022 somaram 4,7 milhões de toneladas de carne de frango. Em igual período, o Paraná exportou 1,9 milhões de toneladas”, pontua. Entre os maiores compradores da carne de frango brasileira estão China, Japão, Arábia Saudita e África do Sul.

O Paraná é hoje o maior produtor e exportador nacional de carne de frango. O Estado produz 35,5% do total produzido pelo Brasil e exporta 40% do total enviado pelo país ao exterior. Os produtores paranaenses exportaram 1,9 milhão de toneladas de carne de frango no ano passado.

VIGILÂNCIA

A Adapar vem realizando vigilância ativa nas propriedades rurais do Paraná e o monitoramento das aves migratórias, junto a outros órgãos. Além disso, todas notificações recebidas de suspeitas são atendidas prioritariamente.

“Os produtores devem estar atentos a uma mortalidade muito alta das aves e a alguns sinais clínicos, como coriza, problemas nervosos e digestivos. A mortalidade talvez seja o maior indicador. Na avicultura comercial, 10% de mortes em 72 horas já é um indicativo que possa estar ocorrendo uma doença importante no lote”, alerta Rafael Gonçalves Dias, gerente de Saúde Animal da Adapar.

O órgão de defesa agropecuária também tem promovido a capacitação e o treinamento de profissionais em todas as Unidades Regionais do Estado, e conta com médicos veterinários com dedicação exclusiva e capacidade técnica para atendimento das questões sanitárias da cadeia avícola.

PREVENÇÃO

O engenheiro agrônomo e avicultor Alvaro José Baccin mantém seis aviários na granja localizada em Cascavel, região oeste do Paraná. Ao ano, são produzidas 3,6 mil toneladas de frango para abate, em um sistema integrado com a BRF, de Toledo.

Para prevenir a gripe aviária, o produtor rural adota uma série de práticas em sua propriedade. “Em 36 anos de experiência na avicultura, posso dizer que o sistema de criação de frangos no Brasil feito em sistemas de integração ou cooperação está no topo dos mais seguros do mundo”, destaca.

Ele explica que, nas granjas onde se produz frango de corte, é proibida a criação de aves domésticas ou de qualquer ave silvestre em cativeiro – só as aves destinadas à indústria podem permanecer.

As medidas de prevenção adotadas por Alvaro começam na escolha do local onde construir a granja – segundo ele, a decisão mais importante.

“O isolamento, as barreiras físicas e naturais proporcionam uma condição especial de baixo risco sanitário quando combinados com boas práticas de asseio pessoal e controle de acesso, além das medidas de controle de outros vetores.”

Entre as medidas preventivas, figuram as estruturas de proteção para evitar a entrada de aves silvestres no interior do aviário; o rigoroso controle de pessoas e veículos que precisam acessar a granja e evitar usar água de superfície – priorizar água de poço.

As práticas diárias na granja incluem ainda a utilização de roupa limpa e desinfetada e calçados limpos por quem precisa entrar na granja (trabalhadores e técnicos), além da desinfecção de equipamentos que forem introduzidos no aviário, entre outras medidas.

“Estamos fazendo a nossa parte neste sistema e acreditamos que cada um, dentro das suas atribuições, adote essas ações”, pontuou.

ALERTA

O avicultor faz um alerta sobre as criações de aves de quintal, que atualmente representam cerca de 7% do total de aves do país.

“Aves de quintal ou caipiras precisam ter seu lugar protegido e também merecem um abrigo coberto para dormir tranquilas e um cercado para limitar seu território e evitar predadores. Isso é uma realidade crescente e a cada dia está melhorando. Porém, ainda vemos em muitos locais galinhas soltas, basta andar pelo interior das vilas e estradas rurais e observar”, analisa.

Ele defende uma norma que obrigue o dono a manter as aves em seu cercado. “Isso vai reduzir muito os riscos de Influenza aviária e permitir a fiscalização. Uma medida simples vai ser algo bom para todos: para as aves, seus donos e para a saúde de toda a avicultura”, conclui.

SERVIÇO

A notificação de suspeita de gripe aviária pode ser realizada por qualquer cidadão, presencialmente ou por telefone em qualquer unidade local da Adapar, ou pela plataforma e-Sisbravet, do Ministério da Agricultura.

As unidades da Adapar no Estado e seus telefones estão no site adapar.pr.gov.br. O telefone da Adapar em Londrina para mais informações é (43) 2104-7900.