Os índices do Serviço de Proteção ao Crédito da Associação Comercial e Industrial de Londrina (SPC/ACIL) revelam que a inadimplência reverteu a tendência de queda e voltou a subir no mês de julho, com um aumento de 35,7% no número de consumidores que não conseguiram pagar suas dívidas em dia e foram inscritos no cadastro de restrição ao crédito, em comparação com o mesmo mês de 2023.

No acumulado dos sete meses de 2024, houve um crescimento de 14,9% no índice de consumidores negativados, em comparação com o mesmo período do ano passado.

Positivos

Por outro lado, o número de consumidores que pagaram ou negociaram as dívidas atrasadas e saíram da inadimplência em julho subiu 5,2% na comparação com o mesmo mês de 2023. No acumulado de 2024, o índice de consumidores negativados que conseguiram limpar o nome cresceu 17,7% em relação aos primeiros sete meses de 2023.

“A recuperação no número de empregos formais na cidade de Londrina ainda se dá para remunerações baixas, de até dois salários mínimos, o que é um limitador para uma melhora mais significativa da capacidade de quitação de dívidas antigas”, ressalta Marcos Rambalducci, consultor econômico da ACIL.

Índices

Os dados do SPC/ACIL destacam dois índices: o dos consumidores entrantes (incluídos na restrição ao crédito), que deixaram de pagar alguma conta em dia e tiveram o nome inserido no cadastro de inadimplentes; e os saintes, que estavam com o nome no cadastro de negativados, mas negociaram ou pagaram suas dívidas atrasadas e ‘limparam o nome’, recuperando o crédito.

Brasil

Em todo o país, o nível de endividamento dos consumidores caiu na passagem de junho para julho, atingindo 78,5% das famílias brasileiras, uma redução de 0,3 ponto percentual (p.p.). É o primeiro recuo no indicador desde fevereiro. No entanto, ainda está acima do primeiro trimestre de 2024, quando terminou em 78,1%. Na comparação anual também fica em nível superior a julho de 2023 (78,1%).

Os dados fazem parte da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada recentemente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Em fevereiro, quando o indicador teve queda pela última vez, o recuo foi de 78,1% para 77,9%.

O levantamento é feito com 18 mil famílias de todo o país. São levadas em conta dívidas com cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de carro e casa.

Em uma análise por faixa de renda, o levantamento mostra que quanto menor o poder aquisitivo, maior o endividamento. Entre as famílias com renda de até três salários mínimos, 81% estão com dívidas. O índice passa para 79,6% entre os consumidores que têm de três a cinco salários mínimos. Para famílias com renda entre cinco e dez salários mínimos, o endividamento alcança 76,7%. O menor nível é para as famílias com perfil acima de dez salários mínimos, 69,8%.

Inadimplência

A CNC ressalta que dívida não é necessariamente um comportamento financeiro negativo, uma vez que é uma forma de direcionar dinheiro para o consumo, o que aquece a economia como um todo. No entanto, adverte que o índice de endividamento preocupa quando as famílias começam a apresentar dificuldade na capacidade de honrar os pagamentos, a chamada inadimplência.

O percentual de famílias com dívidas atrasadas ficou em 28,8% em julho, mesmo patamar de junho. Há um ano, a marca era 29,6%. Já a parcela de famílias que afirmam não ter capacidade de pagar as dívidas era de 11,9% em julho. Em outubro do ano passado o índice estava em 13%.

Perfil de dívida

O percentual médio de comprometimento da renda com dívidas foi de 29,6% em julho, sendo o quinto mês com retração nesse nível, quando estava em 30,4%. O tempo médio de comprometimento com dívida ficou em 7,2 meses.

A principal modalidade de endividamento é o cartão de crédito, sendo utilizado por 86% dos devedores. Os carnês figuram em seguida (15,7%), à frente de crédito pessoal (10,6%), financiamento de casa (9,1%), de carro (8,4%), e crédito consignado (5,6%).

Projeção

A CNC projeta que o índice de endividamento no país deve recuar em agosto e setembro, chegando a 78,2%. A partir de então, é esperada nova trajetória ascendente, fechando o ano em 78,4%.

Em relação ao percentual de famílias com dívidas atrasadas, os pesquisadores apontam tendência de crescimento, finalizando 2024 em 29,5%.(Com informações da Acil e Agência Brasil)