Os financiamentos de veículos estão em alta em 2024. Em agosto, foram 631 mil unidades novas e usadas vendidas por meio de financiamento em todo o país, o melhor resultado para o mês desde 2012, quando o saldo havia sido de 682 mil unidades. No acumulado do ano, esse tipo de operação também registra crescimento, com 4,689 milhões de veículos financiados, uma expansão de 22,69% em relação aos primeiros oito meses do ano passado.

O Paraná acompanha essa alta. Segundo levantamento da B3, em agosto foram financiados, no Estado, 49 mil veículos, entre novos e usados. Apesar de ter se mantido estável em relação a julho, com uma leve redução de 0,3%, na comparação com agosto de 2023, houve aumento de 13,8%.

No segmento de autos leves, o avanço foi de 14,4% sobre agosto do ano passado e queda de 2,1% na comparação com julho deste ano. Os financiamentos de motocicletas também cresceram. Quando comparados a agosto do ano passado, a alta foi de 13,2%, e em relação a julho de 2024, o aumento foi de 13%. O segmento de veículos pesados teve um índice menor de crescimento, mas também aponta expansão, quando confrontados os dados de agosto deste ano com igual mês do ano anterior. A alta computada foi de 8,6%. Na comparação com julho, houve queda de 4,1%.

Os números são reflexo de uma combinação de fatores, avaliou o gerente de Planejamento e Inteligência de Mercado da B3, Gustavo de Oliveira Ferro. Por ter garantia atrelada, o crédito para financiamentos de veículos acaba tendo juros mais baixos. “Normalmente, os bancos trabalham com taxas menores de financiamento de veículos. Tem montadoras que fazem promoções com taxas inferiores, bancos de montadoras, mas é uma linha de crédito que por ter essa garantia, tem uma taxa menor.”

Também contribui o bom momento do varejo. As vendas de veículos zero quilômetro cresceram 16% e as de usados, quase 9% desde o início do ano. “O varejo de venda de veículos está aquecido, principalmente para pessoa física, por conta da estabilização de preços.”

O aumento do número de pessoas trabalhando com entregas por aplicativo é outra razão que explica os dados do relatório da B3. Os financiamentos de motocicletas cresceram 30%. Só em agosto, foram 154 mil unidades, sendo 114 mil novas e 40 mil usadas no país. O mercado de trabalho melhorou, assim como a faixa salarial dos trabalhadores, a inadimplência dos consumidores vem caindo e há uma melhor qualidade de crédito. Tudo isso, combinado, leva ao aumentos dos contratos de financiamento. Quando se observa o acumulado do ano, destacou Ferro, 2024 apresenta o melhor resultado desde 2011.

Dos 4,689 milhões de veículos financiados neste ano em todo o território nacional, 3,060 milhões são usados e 1,630 milhão, novos. Desse total, 86,5% foram pela modalidade CDC (Crédito Direto ao Consumidor), acréscimo de 17,9% ante agosto do ano passado. Outros 12,8% correspondem aos consórcios. A Região Sudeste registrou o maior volume de financiamentos (43,6%), seguida das regiões Sul (20,7%) e Nordeste (17,6%).

Paraná

“Somente em julho, o Paraná criou 14.185 novos postos de trabalho com carteira assinada e o ano totaliza, nos primeiros sete meses, 124.647 empregos formais”, ressaltou o economista Marcos Rambalducci. Além disso, afirmou ele, há uma consistente melhoria da renda em toda a economia e uma perspectiva de estabilidade econômica. “Também é de se considerar que havia uma demanda represada com consumidores aguardando para entender o momento econômico.”

Nas três lojas de seminovos que o empresário Maruan Caldarelli mantém em Londrina, 70% dos veículos vendidos são financiados por crédito direto ao consumidor e 10% por consórcio. O empresário revende carros com até dez anos de uso e o valor médio pago por cliente é de R$ 80 mil. Depois de um período de baixa oferta de usados, o empresário afirma que o mercado voltou a ficar aquecido, com boa oferta de seminovos, mas para manter as vendas, adotou algumas estratégias, como tornar os preços mais competitivos com redução sobre a tabele Fipe e a oferta de financiamento direto pela loja a juros mais baixos do que os praticados pelo sistema financeiro.

“O crédito não está barato. Mas nossos preços estão em um patamar abaixo da concorrência e quando o cliente dá uma entrada de metade do valor do carro, eu financio direto pela loja e os juros ficam mais atrativos. Eu checo os juros que o banco ofereceria a cada cliente e ofereço uma taxa menor”, comentou Caldarelli.

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