EUA voltam a subir os juros e taxa atinge maior nível em 22 anos
Banco central norte-americano elevou taxa em 0,25% passando de 5,25% a 5,50%; decisão não surpreendeu mercado
PUBLICAÇÃO
quarta-feira, 26 de julho de 2023
Banco central norte-americano elevou taxa em 0,25% passando de 5,25% a 5,50%; decisão não surpreendeu mercado
FERNANDA PERRIN FOLHAPRESS
![NEW YORK, NEW YORK - JULY 26: Traders work on the floor of the New York Stock Exchange (NYSE) on July 26, 2023 in New York City. The Dow rose again despite the Federal Reserve raising its key interest rate by a quarter point Wednesday as the American economy continues to show signs of strength. Spencer Platt/Getty Images/AFP (Photo by SPENCER PLATT / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP)](https://www.folhadelondrina.com.br/img/Artigo-Destaque/3230000/400x0/EUA-voltam-a-subir-os-juros-e-taxa-atinge-maior-ni0323612300202307261832-14.webp?fallback=https%3A%2F%2Fwww.folhadelondrina.com.br%2Fimg%2FArtigo-Destaque%2F3230000%2FEUA-voltam-a-subir-os-juros-e-taxa-atinge-maior-ni0323612300202307261832.jpg%3Fxid%3D5964755&xid=5964755)
WASHINGTON, EUA - Após uma breve pausa no ciclo de alta de juros no mês passado, o Federal Reserve, o banco central dos EUA, voltou a subir a taxa em 0,25 ponto percentual em reunião desta quarta-feira (26), para uma faixa de 5,25% a 5,50% o nível mais alto em 22 anos e deixou a porta aberta para novas altas.
A decisão, unânime, não surpreendeu o mercado, que apostava em um novo aumento. A dúvida agora é qual será o próximo passo do Fed em sua missão de controlar a inflação americana.
Questionado sobre um novo aumento de juros na próxima reunião do Fed, em 20 de setembro, o presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, afirmou a jornalistas que isso é possível, assim como uma pausa.
No comunicado, a instituição afirma que a atividade econômica vem crescendo em um ritmo "moderado" na reunião anterior, a avaliação era de um ritmo "modesto". O Fed também destaca que a alta de preços e a expansão de vagas de trabalho seguem em patamar elevado.
"O comitê vai continuar a avaliar informações adicionais e suas implicações para a política monetária", afirmou o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês).
A alta divulgada nesta quarta foi a 11ª elevação em 12 reuniões. A expectativa do mercado agora varia entre o fim do ciclo de altas ou uma nova alta de 0,25 ponto percentual até dezembro. Em junho, o Fed havia projetado que faria mais dois aumentos neste ano.
Em nota após a decisão, o Goldman Sachs avalia que o Fed não deve mexer nos juros em setembro.
O banco central dos EUA subiu a taxa de um patamar próximo de zero em março de 2022 para mais de 5% na tentativa de desaquecer a economia e, assim, levar a alta de preços do país para dentro da meta, atualmente em 2%.
Os dados mais recentes de inflação nos EUA mostram uma desaceleração. Em junho, o índice de preços ao consumidor registrou alta de 3% no acumulado em 12 meses, a menor variação em mais de dois anos. Indicadores relativos ao mercado de trabalho também têm mostrado um desaquecimento, embora com alguma volatilidade.
Analistas, no entanto, avaliam que o Fed deve seguir adotando uma postura cautelosa diante desses dados. Em entrevista após a divulgação da decisão, Powel, afirmou que o núcleo de inflação (que exclui itens de maior volatilidade) ainda segue elevado.
Por outro lado, há o temor de que a dose aplicada já seja alta demais, derrubando a economia para além do necessário muitos economistas, inclusive do próprio Fed, vinham projetando uma recessão nos EUA, o que não se confirmou até agora.
Nesta quarta, Powell afirmou que a autoridade americana passou a descartar uma retração neste ano e disse ser uma "bênção" o fato de a elevação dos juros ter ocorrido sem resultar em uma disparada do desemprego a taxa está em 3,6%, praticamente a mesma de quando a autoridade começou o aperto monetário.
O BC americano vem diminuindo o ritmo de elevação dos juros, e chegou a fazer uma pausa em junho. A expectativa é que o banco central americano consiga fazer o que economistas chamam de "pouso suave": um desaquecimento da economia suficiente para colocar a inflação sob controle, mas não a ponto de minar a atividade.
Novos indicadores econômicos serão divulgados nos próximos dias, o que deve ser olhado com atenção por economistas e investidores para projetar qual deve ser o próximo movimento do BC americano.
Após a divulgação da decisão desta quarta, a Bolsa brasileira inverteu o movimento de queda e passou a subir 0,38%. O índice fechou em alta de 0,45%, aos 122.559,68 pontos.
No mercado americano, o movimento foi de queda de 0,12% do Nasdaq e de alta de 0,25% do Dow Jones. O S&P encerrou o dia estável.
O dólar, que já vinha caindo frente ao real, continuou o movimento. Com analistas projetando uma pausa ou apenas uma nova alta de 0,25 ponto percentual nos juros nos EUA, a tendência é que a moeda americana siga perdendo força, uma vez que os juros no país ficam menos atrativos para investidores.
Para Rachel de Sá, chefe de economia da Rico, a tendência é que o dólar perca força diante do real.
No Brasil, as atenções se voltam agora para a próxima reunião do Banco Central, em agosto. O mercado espera que o Copom (Comitê de Política Monetária) promova um corte da taxa básica de juros (Selic) de 0,25 ou 0,50 ponto percentual.
De modo semelhante ao que ocorre nos EUA, o BC brasileiro vinha aumentado os juros para conter a inflação, que disparou com a pandemia e a Guerra da Ucrânia.
Dados mais recentes, porém, mostram que os preços vêm subindo a um ritmo menor chegando inclusive a caírem (deflação) em junho, o que reforçou as apostas em uma redução dos juros no próximo mês.
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