O ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula, esteve em Londrina na tarde desta segunda-feira (15) e exaltou o potencial da região Norte na piscicultura. Hoje o Paraná é o maior produtor de peixes de cultivo do Brasil, impulsionado pelo Oeste.

Antes de visitar a SRP (Sociedade Rural do Paraná), Paula se encontrou com produtores de tilápia em Alvorada do Sul e Bela Vista do Paraíso - inclusive, os frigoríficos instalados em Alvorada e em Cornélio Procópio, no vale do Paranapanema, têm contribuído para o avanço do setor no Norte paranaense.

“Tive a oportunidade de fazer visitas às propriedades, aos frigoríficos e agora à SRP. Quero dizer que o potencial dessa região é incrível. Temos tudo para, a exemplo do que já acontece no Oeste, não apenas avançar, mas, quem sabe, ir além”, disse o ministro, que cita os apoios dos governos estadual e federal como um diferencial.

Entre as demandas do setor está a isonomia tributária entre os produtores de proteína animal, que será regulamentada pelo Congresso, e um possível fim do RGP (Registro Geral da Atividade Pesqueira). Enquanto a primeira reivindicação pode reduzir custos e aumentar o consumo de pescado, a segunda é uma forma de desburocratização.

“Recebi de cooperativas e de prefeituras solicitações e questões que são importantes, que estão sendo trabalhadas no Ministério e que visam facilitar a vida de quem produz peixes”, acrescenta o ministro. “Há um sentimento, e isso que me foi reivindicado, que não estamos facilitando a vida dos produtores nesse aspecto. Minha equipe vai se debruçar sobre essa questão."

O ministro foi questionado pela FOLHA sobre a situação do frigorífico de Pinhalão, que foi prometido há mais de uma década e nunca saiu do papel. Ele disse que não conhece “essa questão específica” e que o assunto não foi tratado nesta visita ao Paraná. Enquanto a obra em Pinhalão segue parada - e sem perspectiva de sair do papel -, os frigoríficos de Cornélio Procópio e Alvorada do Sul estão operando.

‘REPENSAR O RGP’

De acordo com o diretor de aquicultura da SRP, Ricardo Neukirchner, uma das principais necessidades do setor hoje é repensar o RGP, que acaba sendo um processo burocrático para o piscicultor e que não traz benefícios ao governo.

“Estamos pedindo que ele desconsidere o RGP, que não é uma reivindicação só do Paraná. O ministro está sensibilizado com isso. Provavelmente a gente vai conseguir dele essa isenção do RGP para facilitar para o produtor rural”, afirma o diretor, que ressalta a importância de frigoríficos para garantir comercialização à produção regional.

A maioria da produção no Norte é realizada em tanques-redes nos municípios lindeiros às represas da Chavantes e Capivara, na bacia do Rio Paranapanema. No Oeste, por sua vez, há uma proliferação de tanques escavados. Neukirchner destaca a viabilidade de se utilizar tanques escavados na região, projetando uma "área gigantesca" desses tanques.

Na SRP, o ministro André de Paula visitou o aquário onde estão reservadas 14 espécies de peixes. A entidade solicitou recursos para construir um novo aquário, maior e mais tecnológico.

INCENTIVO AOS PRODUTORES

O presidente da Coopermota, Edson Fadel, reforça que o governo precisa “facilitar” a vida dos piscicultores, garantindo acesso a financiamentos para ampliar suas estruturas. A cooperativa é responsável pela gestão do frigorífico de Cornélio Procópio.

“A gente nunca para de investir, porque a cada momento você aumenta um setor, aí precisa aumentar outro, aumenta a filetagem, depois tem que aumentar o túnel de congelamento, estamos em todo o segmento. É muito grande a nossa expectativa de crescimento”, afirma Fadel, que vê uma demanda crescente no Paraná e em São Paulo, onde a Coopermota tem sede. “O que precisamos é de incentivo para que ele possa aumentar ou introduzir o tanque na sua propriedade.”

O presidente da cooperativa ressalta que, em Cornélio Procópio, há uma cadeia completa de produção que vai do fornecimento de ração e alevinos ao abate e produção de filés e postas de tilápias.