Aguardada pelo mercado desde 2022, a venda do controle acionário da Compagas (Companhia Paranaense de Gás) foi concretizada no último dia 10 de julho. Por meio de fato relevante, a Copel, que detinha 51% das ações da distribuidora de gás, anunciou a transação, no valor de R$ 906 milhões. As ações foram adquiridas pela Compass Dois Ltda., subsidiária da Compass Gás e Energia S.A, que integra o Grupo Cosan.

A Compagas é responsável pela distribuição de gás natural canalizado no Paraná e opera o serviço com exclusividade. Em dezembro de 2022, a empresa de economia mista renovou o contrato de concessão com o governo do Estado por mais 30 anos, até junho de 2054. A renovação foi uma etapa fundamental para que a controladora, a Copel, pudesse dar seguimento à desestatização da companhia de gás.

O novo contrato incluiu a mudança no modelo regulatório, a alteração do cálculo de remuneração e a adoção de uma BRRL (Base de Remuneração Regulatória Líquida) inicial de R$ 647,8 milhões. Da Compagas, foi exigido o pagamento de R$ 508 milhões como bônus de outorga ao governo do Paraná e o compromisso de investimentos de R$ 2,5 bilhões ao longo das três décadas de vigência da concessão.

A rede de distribuição da Compagas tem cerca de 880 quilômetros de gasodutos, atendendo a mais de 54 mil clientes dos segmentos residencial, comercial, industrial e veicular em 16 municípios, com volume distribuído de 821 mil metros cúbicos por dia de gás natural.

No último dia 5 de abril, em visita a Londrina, onde participou da solenidade de abertura da ExpoLondrina 2024, o governador Ratinho Junior falou sobre os planos de expansão da rede de gasoduto no Paraná, que seria viabilizada por meio dos R$ 2,5 bilhões em investimentos previstos na extensão do contrato de concessão. “Hoje, nós temos um gasoduto que liga Curitiba a Ponta Grossa, vai até uma parte da Região Metropolitana de Curitiba, até Lapa, e nós queremos ampliar isso para todo o interior do Estado”, disse.

Os investimentos, segundo o governador, deveriam começar pelo parque industrial de Londrina, se estendendo até Maringá. “Queremos abastecer de gás todo esse setor, essa industrialização que está acontecendo desde Ibiporã até Paiçandu, está virando um corredor de indústrias. Então, nós queremos essa infraestrutura para o gasoduto também porque muitas indústrias acabam vindo para o interior do Estado devido a essa iniciativa de ter o gás.”

Além da Copel, que detinha 51% da Compagas, também são acionistas da distribuidora de gás a japonesa Mitsui e a Commit Gás, com uma fatia de 24,5% do bolo acionário cada uma. A Commit Gás é uma parceria entre a Compass, que detém 51% das ações, e a Mitsui, com 49% do controle acionário.

Pelo acordo firmado com a Copel, a Compass deverá pagar os R$ 906 milhões em três parcelas, divididas da seguinte forma: 40% até o fechamento da operação; 30% até 31 de dezembro de 2025 e os 30% restantes, até 31 de dezembro de 2026. A data-base da transação é 31 de dezembro de 2023, data em que a dívida líquida total da Compagas somava R$ 182,8 milhões.

Segundo fato relevante divulgado pela Copel, a transação faz parte da estratégia da companhia de energia de "focar em seu corebusiness e na descarbonização do seu portfólio".

A Copel informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que neste momento só irá se pronunciar por meio do fato relevante e a assessoria de imprensa da Compass disse que a empresa não concede entrevistas antes da conclusão das negociações, ainda sem previsão de de prazo e que depende de vários fatores, entre eles, a aprovação dos órgãos reguladores.