O prédio com obras inacabadas que deveria abrigar um complexo da piscicultura em Pinhalão (Norte Pioneiro) pode enfim começar a funcionar. Na semana passada, a Coopermota, cooperativa com sede em Cândido Mota (SP), que administra o frigorífico de peixes de Cornélio Procópio, foi anunciada como a vencedora de um certame da Prefeitura de Pinhalão para a cessão e uso das instalações pelos próximos 35 anos. A empresa foi a única participante da licitação.

A estrutura que começou a ser construída em 2013, consumindo recursos equivalentes a R$ 15 milhões (valores corrigidos), foi paralisada em 2015, faltando um terço para ser concluída, após se tornar alvo de investigações do TCU (Tribunal de Contas da União). A principal alegação era de que o município não tinha vocação para a atividade, por se situar em região montanhosa e distante de lâminas d’água e que a escolha da sede foi baseada apenas pela influência política.



Entenda o caso na reportagem: O falso milagre dos peixes sem água

Em entrevista à FOLHA, no ano passado, a administração atual do Município se disse empenhada em conseguir colocar a estrutura para funcionar, por acreditar no potencial produtivo de Pinhalão, “esquecendo as polêmicas do passado”. Pelo planejamento da Coopermota, a ideia do frigorífico não será levada adiante, mas a cooperativa planeja instalar uma fábrica de ração no espaço, à margem da PR-272, além de abrir uma loja na cidade.

“Conforme contrato assinado, nos próximos meses, deve ser dado início às reformas e adequações que serão realizadas pela cooperativa na estrutura predial. O empreendimento está instalado em terreno com metragem superior a um alqueire, tendo mais de 3 mil metros quadrados de área em fase de construção”, informa a cooperativa em seu site. A previsão é que a regularização e a obra da fábrica ocorra em um prazo entre dois e três anos.

Ainda de acordo com a Coopermota, o objetivo é fomentar as atividades da aquicultura local e regional, bem como de outras atividades ligadas ao agronegócio. De acordo com o planejamento, a ideia é que a fábrica de ração contribua com o incremento da produção de peixes vinculada ao frigorífico de pescado de Cornélio Procópio. Com a loja, a ideia é oferecer atendimento de varejo e assistência técnica de campo.

A piscicultura no Norte do Paraná responde atualmente a cerca de 10% da produção estadual, participação que já chegou a ser de 20%. A maior parte dos criadores de peixes da região está estabelecida nas águas do Rio Paranapanema, no modelo de cultivo de tanque-rede. Um dos maiores desafios é fazer a interiorização desta cadeia, levando a produção de tilápias e outros peixes para dentro de tanques escavados das propriedades rurais.

A atividade exige certo grau de expertise e enfrenta desafios em temperaturas mais baixas. Especialistas da área enxergam potencial de crescimento da piscicultura no Norte do Estado, porém apontam a necessidade de uma organização da cadeia produtiva. A presença de cooperativas na área pode ser um impulsionador, a exemplo do que ocorreu no Oeste do Estado, que hoje concentra cerca de 80% da produção de peixes em criadouros no Paraná.