Brasília - A ministra Esther Dweck (Gestão e da Inovação em Serviços Públicos) afirmou neste domingo (18) que houve quase 1 milhão de pessoas realizando o CNU (Concurso Nacional Unificado). Isso representa menos da metade de pessoas realizando a prova, tendo em vista que foram 2,1 milhões de inscritos.

A declaração foi dada em coletiva de imprensa após o encerramento do exame conhecido como Enem dos Concursos.

Mais cedo, a ministra já havia declarado que a abstenção na prova realizada pela manhã foi alta, embora ainda dentro da média habitual para concursos públicos. Candidatos em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo relataram à reportagem que realizaram o exame em salas com poucos participantes.

CADERNO DE PROVAS

Esther também assegurou que as provas transcorreram sem problemas no período. Ela mencionou apenas um contratempo no Rio de Janeiro, onde houve queda de energia, mas ressaltou que a situação foi normalizada antes do início dos exames.

O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos registrou ainda que alguns candidatos se recusaram a devolver o caderno de provas ao final do exame na parte da manhã. Segundo o órgão, esses candidatos serão eliminados do processo seletivo.

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PROVAS 'FÁCEIS'

A primeira edição do CNU deixou de saldo a percepção de provas "fáceis", um elevado índice de abstenção e criatividade para driblar as ondas de calor que atingiram algumas cidades do país. Sem relatos de atrasos na aplicação, vazamentos e outros problemas na organização, a realização do concurso, inédito no país pelo modelo e tamanho, foi concluída às 18h e comemorada pelo governo federal.

Entre 9h e 11h30, os concurseiros enfrentaram uma bateria de questões discursivas, específicas para cada um dos oito blocos, e uma prova objetiva de conhecimentos gerais, comum a todos. Na parte da tarde, entre 14h30 e 18h, os candidatos responderam a perguntas específicas de cada bloco.

Para alguns candidatos, a percepção foi de uma prova mais fácil do que o habitual para concursos de grande porte, com perguntas interpretativas e ligadas a assuntos do noticiário. Candidatos também disseram que, em relação a outros concursos, o CNU ficou mais parecido com o Enem, com questões contextualizadas e trazendo pautas sociais.

A Cesgranrio, que formulou a prova aplicada no Concurso Unificado, propôs um tema de questão dissertativa diferente para cada bloco do exame. Foram cobrados textos sobre questão indígena, sistema carcerário, mudança climática e segurança da mulher no trabalho.

"A Cesgranrio saiu das questões ‘decorebas’. O nível da prova não estava difícil na parte da manhã, com questões de nível fácil a médio de dificuldade", pontua Bruno Bezerra, professor do Estratégia Concursos.

Na parte da tarde, os candidatos tinham até às 18h para concluir a prova, mas alguns já saíram logo que os portões foram abertos, às 16h30.

À reportagem, muitos concorrentes disseram ter achado a segunda etapa de questões tranquila, o que permitiu terminar a prova bem antes de os portões abrirem. Outros reclamaram que a parte da tarde foi mais cansativa, com enunciados e textos maiores.

Aline Menezes, professora do Gran Concursos fez o bloco 5 do CNU. No eixos cinco e quatro da prova da tarde, ela diz que foram cobradas muitas questões sobre avaliação, monitoramento e pesquisa.

Em relação aos outros eixos, ela notou a presença de temas indígenas e de povos originários de forma muito transversal. Violência contra a mulher e questões de gênero também foram assuntos cobrados, assim conhecimentos sobre o SUS (Sistema Único de Saúde), seguridade social, Bolsa Família. "Apareceram vários programas e foi pedido para que se pudesse falar o que eles representavam no aspecto das políticas públicas", diz

A professora, porém, admite que esperava mais da prova. "Pelo edital tão denso e extenso quanto foi, eu esperava que as questões fossem mais aprofundadas, mas elas foram muito pontuais, muito superficiais."

SALA DE SITUAÇÃO

Na parte da manhã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) visitou a "sala de situação" que monitora a aplicação do exame. O presidente não respondeu perguntas dos jornalistas, apenas fez uma declaração parabenizando a organização do exame.

Lula celebrou o fato de não ter havido nenhum tipo de vazamento da provas, o que ele considerou uma "demonstração extraordinária que não apenas o governo mas a sociedade brasileira está preparada para tratar com seriedade um concurso".

Lula ainda ressaltou como um dos pontos positivos do CNU a possibilidade de aumentar a representatividade de outros grupos na administração pública federal.

MAIOR DA HISTÓRIA DO PAÍS

Maior concurso da história do país, o CNU teve mais de 2,1 milhões de pessoas inscritas para as 6.640 vagas disponíveis no serviço público, em 21 órgãos ligados ao governo federal. As provas aconteceram em 228 cidades, incluindo todas as capitais, somando 3.647 locais de aplicação e 72.041 salas.

A prova aconteceu neste domingo (18) após o adiamento do exame que aconteceria em maio. A decisão foi tomada após chuvas deixarem mortos no Rio Grande do Sul e temporais atingirem Santa Catarina.

O gabarito das provas está previsto para ser divulgado na terça-feira (20), e os cadernos de resposta serão divulgados às 20h deste domingo. (Colaborou Tamara Nassif)