Imagem ilustrativa da imagem Alta do dólar muda comportamento de clientes nas casas de câmbio
| Foto: Renato Cerqueira/FuturaPress/Folhapress

A alta do dólar já começa a produzir reflexos nas transações das casas de câmbio. Algumas já observam uma redução no movimento de clientes e com a moeda norte-americana cotada a quase R$ 5, as corretoras têm recebido mais pessoas interessadas em vender dólares. Para quem tem viagem marcada, o medo de que o câmbio continue subindo pode assustar, mas especialistas recomendam não mudar de planos neste momento, mas fazer ajustes, adequando o orçamento à nova realidade cambial. Nesta terça-feira (10), o câmbio cedeu e o dólar turismo fechou o dia cotado a R$ 4,84, uma queda de 1,82% em relação ao dia anterior.

icon-aspas " Muitos clientes vêm até a corretora interessados em vender dólares, não em comprar”
Altamiro Pedro Barbosa Campoli. - Compra e venda

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Há cerca de 20 dias, o movimento de clientes na Moeda Forte Câmbio, em Londrina, caiu. “Depois do susto da alta na cotação, mudou totalmente o comportamento das pessoas. Muitos clientes vêm até a corretora interessados em vender dólares, não em comprar”, comentou o corretor Altamiro Pedro Barbosa Campoli. Com o dólar sendo vendido a R$ 4,89 nesta terça-feira e o euro a R$ 5,50, os clientes diminuíram. “Os que compram, compram menos. Mas há aqueles que compram aos poucos para já ter a quantidade de dólar no dia da viagem. Esses continuam comprando, mesmo na alta.”

“Quando o câmbio sobe bastante, aparecem mais pessoas vendendo moeda”, disse o sócio-proprietário da Rede Câmbio Seguro, correspondente da Ouro Minas, Haroldo Renato Schiabel. Em relação aos compradores, ele diz que ainda não sentiu os reflexos da crescente valorização cambial, mas teme pelas transações futuras. Segundo ele, nas três unidades que mantém em Londrina, foram poucos os casos de venda de dólar em razão de cancelamento de viagem. “O pessoal que já tinha viagem marcada segue comprando. Não tem jeito. A maioria dos nossos clientes não está deixando de viajar por causa do valor do dólar”, comentou. “Nosso público é formado pela classe AB, que sempre viajou para o exterior e vai continuar viajando. Estamos em um momento de transição.”

Quem faz remessas periódicas ao exterior não mudou o comportamento, afirmou Schiabel. “Esses vão fazendo sempre a média porque não sabem como vai ficar o mercado.” Nas lojas da rede, o dólar turismo nesta terça-feira estava cotado entre R$ 4,85 e R$ 4,90 para compra e R$ 4,55 e R$ 4,65 para venda, já incluído o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

Schiabel, no entanto, vê com preocupação os reflexos do coronavírus no turismo e os possíveis impactos no fluxo de clientes nas casas de câmbio. A Fórmula 1 cancelou o GP da China, agendado para 19 de abril, e já informou que outras corridas podem ser suspensas. Na última segunda-feira (9), a Federação Internacional de Judô também anunciou o cancelamento do Grand Slam, que aconteceria em Ecaterimburgo, na Rússia, entre os dias 13 e 15 de março. “O coronavírus vai atrapalhar não só quem trabalha com câmbio, mas o turismo em geral. A gente se preocupa mais com o coronavírus do que com a variação do câmbio porque sabe que quando parar o vírus, a variação do dólar estabiliza.”

Planejamento

Planejador financeiro da Planejar, em São Paulo, João Carlos Botosso orienta quem já comprou as passagens e o pacote de hospedagem a revisar o orçamento de viagem para conseguir equilibrar as contas. Reduzir as compras, economizar nas refeições e passeios são dicas que ajudam a não extrapolar demais o limite de gastos diante da valorização do dólar.

Quem ainda não comprou as passagens, pode fazer a opção por voos com escala, que costumam ter preços mais baixos, e reduzir o período de viagem, por exemplo. “A palavra ideal para esse momento é ajuste”, destacou.

icon-aspas “Precisa ver se as penalidades e os custos por cancelamento vão valer a pena”
João Carlos Botosso - Desistência

Substituir o cartão de crédito pela moeda em espécie também pode resultar em uma boa economia. Para o papel moeda o IOF é de 1,10% enquanto para o cartão de crédito, a alíquota do imposto é de 6,38%. “Leve o cartão de crédito como precaução, mas não leve como plano de gastar no cartão”, orientou. Outra dica do especialista é ficar atento aos noticiários. “Como estamos em um momento de estresse, o dólar tende a aumentar e saber disso ajuda a não fazer compras (de dólar) naquele dia.”

Se mesmo com ajustes orçamentários a viagem se mostrar inviável em razão da alta do dólar, a sugestão é cancelar ou adiar o passeio, mas lembrando que a desistência costuma render multas por quebra de contrato. “Precisa ver se as penalidades e os custos por cancelamento vão valer a pena”, disse Botosso.

E para aqueles que têm dólares em casa e veem na alta cambial uma oportunidade para lucrar, o planejador financeiro pede cautela. “Se a pessoa precisa que o dólar seja transformado em real, vale a pena. Se quiser comprar um bem. Caso contrário, sugiro que mantenha o dólar dela.”

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