O tempo seco já se tornou rotina na vida dos londrinenses com o longo período de estiagem registrado no Paraná, que resultou em um decreto de emergência devido à escassez hídrica e os recorrentes desastres de incêndios florestais. Dor de garganta, irritação nos olhos e sangramento nasal são alguns dos principais sintomas em períodos secos, como é o caso de Londrina, que enfrenta nesta semana temperaturas que beiram 40ºC e umidade relativa do ar abaixo de 30%.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o nível ideal de umidade relativa do ar é de pelo menos 60%. Caso a faixa seja inferior, a população pode sofrer com desconfortos. O ressecamento da camada protetora ocular pode causar vermelhidão, coceira e até mesmo infecções. O ar seco também promove a perda de água pela pele e mucosas, gerando desidratação e dificuldade de respirar.

Felipe Souza, pneumologista do Hospital Evangélico, orienta sobre cuidados a serem tomados com a saúde em períodos de clima seco
Felipe Souza, pneumologista do Hospital Evangélico, orienta sobre cuidados a serem tomados com a saúde em períodos de clima seco | Foto: Divulgação

O pneumologista Felipe Souza, do Hospital Evangélico de Londrina, explica como o corpo humano reage à falta de umidade e favorece o surgimento de doenças respiratórias, como a rinite.

“O tempo seco que baixa a umidade do ar pode prejudicar no ser humano uma das barreiras contra os alérgicos e os vírus, que é a nossa mucosa. Ela tende a ficar mais seca e isso facilita a entrada de vírus no corpo humano em pessoas saudáveis, mas também em quem possui doenças pulmonares prévias como asma e DPOC. Nos alérgicos pode facilitar a piora dessas doenças, por isso é muito importante a umidade do ar”.

CUIDADOS NECESSÁRIOS

Para amenizar o sofrimento e manter a saúde, a hidratação é um ponto essencial. É importante aumentar a ingestão de água ao longo do dia, tendo em vista que diariamente são necessários pelo menos 2 litros. Outra forma de equilibrar o bem-estar é ter uma alimentação baseada em alimentos nutritivos e ricos em água, como melancia, melão, laranja e pêssego.

Apesar das mudanças climáticas, a rotina segue, e a prática de atividades físicas é indispensável para manter a saúde física e mental. Mas quando o tempo está mais seco, é preciso tomar alguns cuidados. Segundo o especialista, “A preferência de local para atividades deve ser em ambientes fechados, onde seja possível controlar a umidade do ar. Caso o exercício não possa ser feito em lugares fechados, o ideal é optar por horários onde não há pico de trânsito para evitar materiais particulados gerados pela combustão, o que pode agravar o ambiente seco que a pessoa irá enfrentar durante a atividade física”.

Além da poluição, outro aspecto é a incidência solar intensa, que pode ser evitada durante a manhã e a noite. O profissional orienta que um bom aquecimento é essencial, além da hidratação constante durante a dinâmica. Pacientes com problemas respiratórios devem manter a medicação de maneira regrada para evitar complicações. Com as crianças os cuidados devem ser redobrados. Como os pequenos muitas vezes não querem pausar as brincadeiras para beber água, os pais devem oferecer com mais frequência para seus filhos.

O IMPACTO DAS QUEIMADAS

A fumaça resultante de queimadas deixou o céu de Londrina esbranquiçado por alguns dias. Essa fumaça de queimadas carrega uma mistura de gases nocivos e partículas microscópicas, que pode ser perigosa quando inalada. A exposição prolongada a esses poluentes pode causar uma série de problemas respiratórios, como asma, bronquite e infecções pulmonares. Em cidades cercadas por incêndios florestais, a população respira ar com níveis de poluição atmosférica muito além do considerado seguro pela Organização Mundial da Saúde.

Um estudo da Fiocruz coordenado pelo Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict), avaliou os efeitos das queimadas na saúde de crianças da região amazônica. Os resultados mostram que nas áreas mais atingidas pelo fogo, a quantidade de crianças internadas com problemas respiratórios dobrou.

“Esse é um período particular, não lembro de Londrina com tempos de baixa umidade associado a grandes quantidades de material particulado na atmosfera oriundos de queimadas. Isso é extremamente nocivo a população em geral, e especialmente aos pacientes com doenças pulmonares, que podem ser pioradas com a associação desses fatores”, explicou o pneumologista.