O mercado de criptomoedas no Brasil cresceu muito nos últimos 3 anos e não parece que esse crescimento vai desacelerar. O aumento do interesse em ativos digitais como forma de investimento e diversificação financeira no país mostra números fortes. O volume de criptomoedas negociadas no Brasil no primeiro semestre de 2023 alcançou R$ 110,5 bilhões, um aumento de 31,7% em relação ao mesmo período de 2022.

No entanto, essa expansão vem acompanhada de desafios, especialmente para o Banco Central do Brasil, que tem um papel importante na regulação desse setor. Com a possibilidade de Gabriel Galípolo suceder Roberto Campos Neto na presidência do Banco Central, as expectativas sobre o futuro da regulamentação de criptomoedas no país se intensificam.

Regulamentação, segurança e educação: Superando as barreiras a caminho da digitalização monetária

Uma das maiores dificuldades para o Banco Central é criar um ambiente regulatório que garanta segurança para investidores e usuários, sem comprometer a inovação tecnológica que as criptomoedas representam. De acordo com dados do Relatório de Economia Bancária 2023, o mercado de criptomoedas movimentou mais de R$ 200 bilhões no Brasil em 2022.

Contudo, a falta de uma regulamentação estruturada ainda gera incertezas, tanto para as empresas quanto para os consumidores. Denise Cinelli, COO da CryptoMKT, destaca a importância de estabelecer diretrizes que protejam o ecossistema cripto, sem perder a essência de liberdade que atrai tantos investidores para esse mercado. Cinelli afirmou que o Brasil tem uma oportunidade única de liderar a adoção de criptomoedas na América Latina.

No entanto, é preciso ter uma regulamentação que equilibre a proteção dos usuários e a promoção da inovação. Ela aponta que, com o novo presidente do Banco Central, é essencial manter o diálogo com o setor privado e acadêmico para que as políticas sejam ajustadas às necessidades reais do mercado. Uma alternativa interessante para os investidores que buscam oportunidades no mercado de criptoativos são as pre-vendas de criptomoedas, que oferecem a chance de adquirir tokens antes de seu lançamento oficial.

Esse tipo de investimento pode ser vantajoso, pois muitas vezes os preços são mais baixos durante a fase de pré-venda, permitindo maior potencial de retorno quando a criptomoeda atinge o mercado. No entanto, como destaca Denise Cinelli, é muito importante que o Banco Central estabeleça uma regulamentação que não apenas proteja os investidores, mas também promova a inovação, garantindo que o ambiente para esses novos projetos seja seguro.

Outro desafio é a falta de conhecimento da população sobre o funcionamento das criptomoedas e da tecnologia blockchain. Um levantamento feito pela Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto) revela que cerca de 60% dos brasileiros ainda têm dúvidas sobre como as criptomoedas funcionam e quais os riscos envolvidos. Esse desconhecimento pode se tornar um obstáculo para a expansão do mercado, especialmente em um ambiente onde fraudes e golpes envolvendo criptomoedas são cada vez mais comuns.

Para Cinelli, a criação de programas educativos que aumentem a compreensão do público sobre as oportunidades e riscos do mercado cripto é essencial para garantir a inclusão financeira. A especialista comentou que sem uma base sólida de conhecimento, as pessoas se tornam vulneráveis a perdas e não conseguem aproveitar plenamente o potencial das criptomoedas. Ela acredita que o Banco Central, em parceria com o setor privado, deve liderar iniciativas de educação financeira para garantir que a população esteja bem informada.

Além da regulamentação e educação, o Banco Central também enfrenta dificuldades tecnológicos relacionados à implementação do DREX, o futuro real digital brasileiro. A infraestrutura necessária para o lançamento de uma moeda digital segura, escalável e inclusiva é complexa e exige investimentos em cibersegurança, privacidade e interoperabilidade com outros sistemas financeiros.

O desenvolvimento do DREX faz parte de uma estratégia mais ampla do Banco Central para modernizar o sistema financeiro brasileiro e integrá-lo ao ecossistema cripto que não para de crescer no país. No entanto, como destaca Denise Cinelli, a segurança cibernética será um dos principais obstáculos no desenvolvimento e implementação do DREX.

A criação de um ambiente seguro para transações online e a proteção da privacidade dos usuários são fundamentais para o sucesso da moeda digital e para a expansão do mercado de criptomoedas no Brasil. A colaboração entre o Banco Central e o setor privado é vista como um caminho importante para superar os desafios na expansão do ecossistema cripto. A falta de diálogo aberto com empresas do setor e a ausência de normas claras podem limitar o potencial de inovação no mercado brasileiro.

Cinelli reforça a importância de abrir o diálogo com startups e empresas de blockchain para criar um ambiente regulatório que favoreça a inovação sem comprometer a segurança. Ela afirma que o novo presidente do Banco Central terá um papel decisivo na construção de um ecossistema que equilibre proteção e crescimento. Para ela, o futuro das criptomoedas no Brasil depende de uma cooperação eficaz entre todas as partes interessadas.