'Open Banking' promete aumentar a concorrência no setor bancário
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segunda-feira, 30 de novembro de 2020
Marcos Rambalducci
A taxa básica de juros está em 2% ao ano, mas a média de juros cobrada pelos cinco maiores bancos do país - Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Bradesco, CEF e Santander, para o crédito pessoal não consignado em novembro foi de 54,9%, conforme consta no site do Banco Central.
São muitas as explicações para uma taxa de juros tão elevada, mas certamente a falta de concorrência no setor bancário ajuda a entender esse fenômeno.
É grande o lucro...
O lucro líquido dos cinco maiores bancos do país — Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Bradesco, CEF e Santander — foi de 18,1 bi no terceiro trimestre de 2020, segundo a Economática e Agência Brasil, isso em plena crise econômica.
... porque não há concorrência.
Segundo o Relatório de Economia Bancária do Banco Central, estes cinco maiores bancos do Brasil foram responsáveis por 83,7% dos empréstimos concedidos.
Alta concentração do setor...
Há outras variáveis a serem consideradas, com custos de captação, custos administrativos e inadimplência, mas a concentração financeira é de fato relevante e contribui para a redução da eficiência no setor e elevação de custos, que acabam por ser repassados para os clientes das instituições bancárias.
... pede medidas de flexibilização.
A solução é desregulamentar e reduzir barreiras, gerando competição a partir da entrada de novos bancos. Esta é a proposta do Banco Central com a implantação do ‘open banking’.
O ‘open banking’...
Traduzindo literalmente significa ‘banco aberto’, ou ‘sistema bancário aberto’ e tem como premissa permitir que o cliente possa levar suas informações financeiras para onde quiser.
... estabelece a competição...
A ideia central do ‘open banking’ é que os dados bancários pertencem aos clientes e não às instituições. Atualmente seu banco detêm a exclusividade de seu perfil impedindo que outras instituições possam competir com produtos que lhe atendam melhor.
... para soluções personalizadas.
A partir de uma autorização explícita do cliente o sistema de ‘open banking’ permitirá que outras empresas e serviços acessem a estes dados e possam desenvolver produtos e ofertas específicas.
Vai incomodar...
Sob a ótica dos bancos tradicionais, compartilhar essas informações com concorrentes como as Fintechs – empresas financeiras com processos inteiramente baseados em tecnologia e custos muito menores, trará enorme desconforto e os obrigará a contra-atacar com melhores ofertas e redução nos custos.
... e é para muito em breve.
A data de início da implantação da primeira fase do sistema de open banking, que está fracionada em quatro fases, estava programada para hoje (30/11), mas foi adiada para fevereiro de 2021 a fim de dar mais tempo aos bancos para a adaptação de seus sistemas.
Embora iminente...
Nesta primeira fase haverá o compartilhamento de informações sobre canais de atendimento e a oferta de produtos e serviços relacionados a contas à vista ou de poupança, contas de pagamento e operações de crédito, e a previsão para sua completa implementação é até dezembro de 2021.
... está pouco divulgado.
Até o momento estas informações têm sido pouco exploradas pela mídia em geral, mas o ‘open banking’, traz em si um grande potencial para reduzir a barreira de entrada para novos serviços e produtos e criar um ambiente mais competitivo e com mais opções para nós clientes.
Dr. Marcos J. G. Rambalducci, Economista, é Professor da UTFPR. Escreve às segundas-feiras.