Querendo ou não, quando você assume um papel de liderança na hierarquia de uma empresa, o poder vem junto. E ainda bem, pois ele acaba sendo um grande facilitador na hora em que precisamos conduzir os membros da nossa equipe até onde todos devem chegar.

O problema é que, em contrapartida, se você não estiver muito atento existem grandes chances de vir a cometer excessos. Afinal de contas, como ensinou Abraham Lincoln: "Quase todos os homens podem suportar a adversidade, mas se quiser pôr à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder".

Quando trato deste tema em treinamentos, as pessoas costumam me perguntar: “Mas, como sei que estou passando dos limites?” Os comportamentos abaixo são aqueles que mais denunciam abusos de poder em qualquer tipo de organização:

Autocracia: O líder busca exercer controle absoluto sobre sua equipe, tomando todas as decisões importantes sem levar em consideração as opiniões ou contribuições que as pessoas poderiam lhe dar. É praticamente um déspota.

Estabelecimento de metas irreais: O líder define alvos irrealistas ou inatingíveis para a equipe sem levar em consideração os recursos disponíveis, a capacidade real de entrega das pessoas ou as evidências que expõem o equívoco das metas escolhidas.

Microgerenciamento: O líder monitora as atividades e decisões dos subordinados excessivamente, minando sua autonomia e capacidade de contribuir de forma significativa. Ninguém pode fazer nada sem a anuência do gestor.

Favoritismo: O líder distribui oportunidades, recursos e reconhecimento de forma injusta, beneficiando apenas alguns membros da equipe em detrimento dos demais. Ou seja, trabalha para atender os queridinhos e, em certos casos, já nem faz questão de esconder isso de ninguém.

Assédio e discriminação: Ele intimida, humilha ou discrimina os liderados com base em características pessoais, como gênero, raça, orientação sexual, idade ou religião. Ou assedia moral e sexualmente seus subordinados diretos sem constrangimento algum.

Exploração: O líder ignora questões de segurança no local de trabalho, não fornece apoio ou recursos adequados, ou ainda exige que as pessoas trabalhem horas extras excessivas sem uma justa compensação.

Corrupção: O líder usa seu poder para obter benefícios pessoais indevidos por meio de subornos, propinas ou favores políticos. E justifica seu comportamento com argumentos frágeis, como “É um negocinho de nada”. Em resumo: já normalizou a falha de caráter.

E então, você foi picado por algum desses bichinhos acima? Se sim, é importante rever seus conceitos – e logo. Duas décadas atrás as pessoas toleravam um certo grau de toxicidade nos líderes diretos. Não espere o mesmo tipo de compreensão nos dias atuais nem das pessoas nem da maior parte das empresas.

Wellington Moreira, palestrante e consultor empresarial