A educação de Londrina perdeu um de seus grandes nomes nesta terça-feira (10). O professor, empresário e ex-vereador Jamil Hatti faleceu aos 83 anos em casa, junto à família. Hatti colocou seu nome na história de Londrina ao criar alguns dos principais colégios e cursos pré-vestibulares da cidade, responsável por contribuir para a formação de dezenas de milhares de estudantes. A Prefeitura decretou luto oficial.

Um professor nato. É assim que o filho, Felipe Hatti, 44, define o pai. “A educação era a vida dele. Não tem como falar de Jamil Hatti e não lembrar dele com um jaleco dentro da sala de aula”, afirma. Um entusiasta da educação, ele garante que o pai sempre foi apaixonado por dar aula e gostava de estar próximo dos alunos. Professor de inglês e português, o empresário explica que o pai sempre corrigia os erros de gramática, até mesmo das enfermeiras em seus últimos dias de vida. “Essa era a essência dele”, reforça.

Felipe afirma que o Jamil de dentro da sala de aula era o mesmo Jamil de dentro de casa: carinhoso e a postos para fazer de tudo pelos três filhos e sete netos.

Nascido em 1941, Jamil cresceu na cidade de São Paulo, mas veio para Mandaguari em 1964 para fugir da ditadura militar. Três anos depois se mudou para Londrina, onde construiu a vida. Aqui, participou das criação de alguns dos principais colégios e cursos pré-vestibulares da cidade, como o Sigma, o Colégio Universitário e o Prime.

Felipe garante que o pai ajudou a transformar a educação em Londrina e que, agora, a cidade perde uma grande inspiração. "Um cara que sempre quis mudar a vida dos jovens por meio da educação", destaca.

Lutando pela bandeira da educação, em 1994, Hatti foi eleito vereador de Londrina, mas o filho garante que não tinha perfil para a política. Segundo ele, o pai criava projetos importantes na área da educação, mas não conseguia com fossem para frente. "Ele se decepcionou um pouco", lamenta.

Fumante por décadas, Jamil Hatti tinha enfisema pulmonar, que nos últimos dois anos evoluiu para uma DPOC (Doença Pulmonar Crônica Obstrutiva). A doença fez com que ele perdesse muito peso e ficasse debilitado. Felipe reforça que o pai nunca quis ir para o hospital para ter "a vida prolongada" através de procedimentos como a intubação. Respeitando seu desejo, Jamil faleceu em casa rodeado dos filhos e de um dos netos. O sepultamento estava previsto para o final da tarde desta quarta-feira (11) no Cemitério São Pedro.

Por 12 anos trabalhando ao lado de Jamil Hatti, a professora Márcia Chireia o define como uma pessoa generosa, empática e de uma alegria única e contagiante, que sempre demonstrava um amor genuíno por cada um dos alunos que teve ao longos das muitas décadas de sala de aula. “O Jamil é sinônimo da educação de Londrina”, afirma.

O nome dele, segundo ela, está marcado pela trajetória das melhores escolas de Londrina, já que não media esforços para oferecer uma educação de qualidade aos estudantes. Sempre preocupado em inovar, Chireia explica que foi ele que popularizou o conceito das salas cheias nos cursos pré-vestibulares e que incentivava que os estudantes aprendessem o inglês. Além disso, o objetivo do Jamil era, de fato, preparar o aluno para os vestibulares, como o Prime, que tinha como foco o curso de medicina. “Ele era um empreendedor, conseguia ver a frente”, destaca.

Jamil Hatti, para ela, deixa como legado a generosidade e o respeito ao próximo. Professora de português, assim como ele, Márcia Chireia afirma que o amigo e colega de trabalho falava que ela era a substituta dele na “área da língua portuguesa”. “Uma honra”, garante.

(Atualizada às 16h55)