A professora aposentada Elza Santos Elias, 89, morreu na manhã desta quarta-feira em Londrina, decorrente de problemas causados por uma pneumonia. Ela foi personagem da matéria “Sempre há tempo para música”, publicada no dia 22 de julho de 2018, por ser a aluna mais velha a fazer um curso no Festival Internacional de Música de Londrina naquela edição.

 "A música não depende das palavras para ser entendida. Na música, a tristeza e a alegria podem ser uma coisa só, por isso é muito importante aprendê-la", disse Elza Santos Elias, em entrevista à FOLHA em 2018
"A música não depende das palavras para ser entendida. Na música, a tristeza e a alegria podem ser uma coisa só, por isso é muito importante aprendê-la", disse Elza Santos Elias, em entrevista à FOLHA em 2018 | Foto: Anderson Coelho 20-07-2018

Formada em letras pela USP (Universidade de São Paulo), ela revelou naquela reportagem que a primeira opção era fazer vestibular para música, mas não havia esse curso à época. Ela se casou aos 31 anos e se mudou para Maringá (Noroeste) e nunca mais teve oportunidade de se dedicar às partituras devido ao acúmulo das obrigações domésticas com a carreira docente, além da oposição do marido. Viúva havia 16 anos, ela retomou a prática musical já madura e tornou o estudo do piano um objetivo de vida. Também queria aprender violoncelo.

Ela resolveu estudar piano no Festival de Música de Londrina em 2018 quando soube que a professora Olga Kiun estaria entre os mestres. "Perguntei ao Marco Antônio de Almeida (diretor do Festival) se ele me aceitaria, por causa da minha idade. Ele não só aceitou como me incentivou", disse, em entrevista à FOLHA no ano passado. "esperei muito tempo para poder tocar de novo", afirmou. "A música não depende das palavras para ser entendida. Na música, a tristeza e a alegria podem ser uma coisa só, por isso é muito importante aprendê-la. É uma linguagem universal."

A sobrinha mais velha dela, Rosane dos Santos Elias Villela, 62, também professora aposentada, ressaltou que ela tinha um jeito diferente. “Ela possuía essa alegria de viver. Aquela vez que participou do festival, ela estava super animada, curtindo muito. Imagine isso na idade dela”, ressalta. Atualmente, Elza ela estava residindo em Londrina e Villela fala das boas lembranças que tinha dela. “Ela sempre foi uma pessoa muito delicada e atenciosa com a família inteira. Sempre estava ligando para a gente, querendo saber como a gente estava. Quando eu tive câncer, ela pesquisou livros de médicos naturalistas e indicou quais os melhores alimentos para quem tinha câncer", lembra.

“Ela tem um irmão que está vivo e minha mãe faleceu já faz tempo. Todo mundo da família está muito triste com a morte dela. Foi uma perda enorme”, aponta.

Villela diz que vai manter em sua memória os pratos que ela preparava na cozinha. “Sua comida era muito gostosa. Tudo o que ela fazia era bom, mas do que a gente lembra bastante é o filé de frango, que eu não sei explicar, mas ela fazia de um jeito totalmente diferente”, aponta. “Eu vou me lembrar dela sempre como uma pessoa muito animada. Tudo o que ela fazia, era bem feito. A arrumação da casa dela era impecável”, destaca.

Elza Santos Elias foi velada na tarde desta quarta-feira (30) no Parque das Allamandas, em Londrina. Ela deixa dois filhos e um neto.