Desde o início da tragédia que assola o Rio Grande do Sul, a aposentada Custódia Hercilio Pelizza tem acompanhado com atenção as notícias. Moradora da zona norte de Londrina, ela tem um irmão de 88 anos que vive em Porto Alegre. Ele perdeu tudo com as enchentes. “Fiquei apavorada. Consegui informação dele com alguns amigos. Um guarda que cuida do bairro, com muito custo, conseguiu retirá-lo”, contou.

No entanto, a angústia aumentou após ele ser resgatado. Custódia perdeu o contato com Elio Hersílio Gregório e passou pouco mais de três dias sem saber se o irmão mais velho estava bem e, principalmente, vivo. “Teve noite que fiquei acordada pensando sobre como ele estava. É uma pessoa que nunca saiu de casa, tenho muito dó dele”, lamentou.

Postagem feita por voluntários gaúchos na busca pela irmã de Elio
Postagem feita por voluntários gaúchos na busca pela irmã de Elio | Foto: Reprodução

Um cartaz divulgado por uma rede de voluntários gaúchos nas redes sociais ajudou no reencontro dos irmãos. Sem terem conhecimento de que ela também o buscava, eles pediram ajuda para localizar dona Custódia, para que ela tivesse ciência do paradeiro de Hélio. A produção da RICtv Record em Londrina encontrou a idosa e por meio de uma transmissão via internet eles, enfim, conseguiram se comunicar, num momento marcado pela emoção.

A gravação do reencontro tem repercutido nas redes sociais. “Meu coração agora está mais aliviado após poder vê-lo. Vou continuar mantendo o contato. Sabendo onde ele está e quem procurar, até a situação melhorar no Rio Grande do Sul, fica mais prático. Quando tiver condição vou para lá para tentar ajeitar a vida dele novamente”, destacou.

‘ÁGUA CHEGOU NO PESCOÇO’

A família – formada por três irmãos - é natural de Criciúma, Santa Catarina, mas cada um mora em um estado. O irmão “do meio” é de Navegantes (SC). Há 70 anos em Porto Alegre, Elio ficou desolado com o tamanho das perdas do povo gaúcho. “Minha casa foi tomada pela água, que chegou no pescoço. Só deu para salvar meus (dois) cachorros. Agora estou mais feliz por ver minha irmã, que achava que eu estava na rua desamparado”, afirmou o aposentado.

AJUDA

Elio está acolhido numa escola que foi transformada em abrigo. O espaço, que também fica na capital do Rio Grande do Sul, é mantido por voluntários com doações. Cerca de 90 desabrigados estão na unidade. “Precisamos muito de doações, porque ainda temos muito pela frente. Está chovendo bastante aqui e demandamos de ajuda para poder comprar água. Precisamos de tudo”, relatou Julia Primaszewski, que está à frente das ações deste abrigo e que também é uma das vítimas das enchentes.

A preocupação é com o nível do rio Guaíba, que voltou a subir. Estudos da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) indicam que a água pode atingir até 5,5 metros, número maior do que o recorde da semana passada, que já provocou muitos estragos.

SERVIÇO – A chave PIX para quem quiser colaborar com o abrigo é 44.669.448/0001-10. Mais informações pela página no Instagram @RSPedeAjuda.