Um homem de 45 anos foi preso pela Polícia Civil no conjunto Vista Bela, na zona norte de Londrina, suspeito de vender atestados médicos. Ele era investigado há cerca de quatro meses pela Delegacia de Estelionatos, que conseguiu na Justiça um mandado de detenção preventiva. Os investigadores identificaram a produção de, pelo menos, 15 documentos falsificados nos últimos meses, mas a projeção é que o número seja maior. A comercialização acontecia por meio das redes sociais e com indicação dos compradores.

“Fomos procurados, inicialmente, por uma médica, que apontou que recorrentemente estavam usando de atestados falsos com o nome dela. Nós conseguimos ouvir e achar uma mulher que usou o atestado. Ela confessou os fatos e declinou de quem teria comprado”, explicou o delegado Edgard Soriani.

Recentemente o homem foi alvo de um mandado de busca e apreensão, com ele, inclusive, colaborando com as investigações. “Segundo ele, não sabia nem que era crime vender esse tipo de atestado. Entretanto, mesmo após ser conduzido à delegacia ele ainda continuou confeccionando. Então, conseguimos o mandado de prisão pela reiteração de conduta. Comprovamos que ele em liberdade continuaria a praticar crimes”, destacou.

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A prisão aconteceu numa ação planejada. Os investigadores entraram em contato com o suspeito - sem que ele soubesse que eram da polícia - e compraram o atestado forjado. O estelionatário cobrava R$ 50 por dia, mas oferecia desconto se o período solicitado fosse maior. Após ele indicar onde estava e entregar o papel, o mandado foi cumprido.

“Na delegacia, após a prisão, ele confessou que antes comprava, mas aí conseguiu o arquivo em PDF e ele mesmo fabricava. Falou que gastava R$ 2 com a impressão”, detalhou o delegado. Os atestados vinham com o nome da Prefeitura de Londrina, da secretaria municipal de Saúde e até mesmo a logomarca da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do jardim Sabará, na zona oeste. No entanto, o carimbo da médica era impresso.

CÓDIGOS

Até a doença que a pessoa supostamente tinha era anotada, com a marcação dos códigos correspondentes. “Eu mesmo preenchia. Cada doença tem seu CID. Se a pessoa quer falar que está com uma virose o CID é o 10B34. Tenho tudo de cabeça, aprendi na vida”, relatou o homem, que ainda afirmou ser eletricista e que praticava o crime para ganhar uma renda extra e “ajudar quem queria faltar no trabalho”. Ele deverá responder por falsificação de documento público.

LEI TRABALHISTA

O empregado que apresenta um atestado médico falso pode ser mandado embora por justa causa. A Justiça do Trabalho já confirmou decisões empresariais neste sentido frisando que este tipo de caso configura ato de improbidade, infringindo o artigo 482 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).

“São inúmeras pessoas que acabam comprando esses atestados. Temos uma enxurrada de pedidos da secretaria de Saúde para apurar esse crime, porque as pessoas apresentam esses atestados no trabalho, o patrão desconfia, manda para a secretaria, que localiza a fraude e envia até a delegacia. Com a prisão dele esperamos que diminua a ocorrência dessa prática”, avaliou o delegado. “Quem compra ou manda fazer um atestado falso também responde por crime”, alertou.

A reportagem procurou a secretaria municipal de Saúde para comentar a assunto, porém, não obteve resposta até a finalização da matéria.

BILHETE PREMIADO

Duas mulheres foram presas preventivamente pela Delegacia de Estelionatos em Londrina, entre segunda (17) e esta terça-feira (18), envolvidas no chamado golpe do bilhete premiado, em que a vítima dá dinheiro achando que vai receber uma compensação financeiro por ajudar o falso ganhador da loteria. Pelo menos duas vítimas já foram identificadas. Uma perdeu R$ 10 mil e a outra R$ 5 mil.