Seja uma opção para comprar frutas e verduras orgânicas e com preço mais em conta do que no mercado ou até mesmo uma forma de lazer e diversão, a verdade é que todo mundo gosta de feira. Apesar do movimento ainda modesto, a feira da Gleba Palhano foi inaugurada neste sábado (14), e se encaixa na categoria de comunitária. A feira é organizada pela Associação de Moradores do Alto da Palhano e vai ser realizada todos os sábados, das 16h às 22h, na Praça dos Pioneiros, na zona sul de Londrina.

Ramon Folego, presidente da associação, explica que protocolou o pedido para realizar a feira há pouco mais de um mês na CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização), que deu o parecer positivo. Ele conta que todo sábado pela manhã eles costumavam realizar uma feira na praça, mas que por conta de algumas questões burocráticas, tiveram que descontinuar a atividade. Por isso, ele relembra que a demanda dos moradores da região para o retorno da feira foi crescendo.

Imagem ilustrativa da imagem Feira comunitária anima moradores da região da Gleba Palhano
| Foto: Jéssica Sabbadini

A Lei N° 13.584, sancionada em maio de 2023, criou a modalidade de feira comunitária, em que associações de moradores fazem a solicitação à CMTU, responsável pelo parecer final, que não precisa ser renovado semanalmente. Previsto na lei, as feiras comunitárias têm locais já pré-determinados - que não causam transtornos - e podem funcionar das 16h às 22h. Pelo menos outras duas feiras funcionam nessa modalidade - no Jardim Bandeirantes (Associação Sabii) e na da Concha Acústica (Associação de Moradores do Centro Histórico). A reportagem procurou a CMTU para entender como funciona o pedido para a criação de uma feira comunitária e se existem outros em andamento, mas a companhia estava em recesso por conta do feriado.

“Aqui na região não tem nada para sair com a família. Tem só o comércio, mas aí envolve ter que sentar lá, ir mais arrumado e gastar. As pessoas acham que aqui por ser Gleba [Palhano] é algo mais elitizado, mas não é assim, aqui tem muitas famílias que querem sair à vontade”, explica. Segundo Folego, são 25 barracas cadastradas para o primeiro dia, da comida ao vestuário, mas que novas solicitações já estão em andamento.

O presidente ressalta que eles pretendem, já pensando nas comemorações de fim de ano, promover a tradicional chegada do Papai Noel durante a feira, assim como agregar outras atividades, como apresentações de taiko e de coral. “Eu sempre fui apaixonado por feiras e fico feliz em poder proporcionar isso para a região aqui”, destaca, agradecendo o apoio de todos que colaboraram para que o projeto saísse do papel.

Vanessa Alves: criança vestida como criança
Vanessa Alves: criança vestida como criança | Foto: Jéssica Sabbadini

COLORIDO E DIVERTIDO

Vanessa Alves tem uma barraca de venda de roupas e acessórios infantis há cerca de quatro meses, quando decidiu empreender para ter mais tempo com as filhas. Ela conta que o início nem sempre é fácil, mas enxerga as feiras como uma forma de mostrar o trabalho e, com isso, alavancar as vendas. Ela também participa de outras duas feiras na cidade e está com altas expectativas para essa nova oportunidade. Com roupas coloridas e cheias de estampas, ela explica que tenta resgatar o sentido da infância. “Eu gosto de ver criança vestida como criança”, afirma.

Ivan Reina e Vanessa Lourenço: renda extra
Ivan Reina e Vanessa Lourenço: renda extra | Foto: Jéssica Sabbadini

Com uma barraca que deixa as crianças - e os adultos - empolgados, Ivan Reina e a esposa Vanessa da Silva Lourenço vendem artigos de ‘papelaria divertida’, que são canetas, cadernos e outros materiais escolares diferentes, o que chama a atenção dos clientes. Ele conta que é metalúrgico, mas que vai para as feiras com a esposa para fazer uma renda extra. “[A feira da Gleba] é uma a mais para a gente participar, então quanto mais melhor”, opina.

Pamela Bonassoli: não tem quem não goste de feira
Pamela Bonassoli: não tem quem não goste de feira | Foto: Jéssica Sabbadini

Apesar de ter uma loja online e com a expectativa de abrir uma loja física em breve, Pamela Bonassoli conta que a feira foi uma forma que ela e a família encontraram para divulgar a marca de roupas, mas que a experiência foi tão boa que eles não pararam mais. “A gente está muito feliz que a Gleba está inaugurando essa feira porque aqui é um espaço muito bonito e legal para as famílias e crianças”, ressalta. Segundo ela, não tem quem não goste de feira: “você compra mais barato, tem várias coisas em um mesmo lugar e a feira é divertida, é ao ar livre, é algo familiar e gostoso”.

COCADA E PAÇOCA

Renata Maria Fermino da Silva e o marido Ailton Augustinho são feirantes há quase dois anos. Durante a semana, ela fica com o carrinho de cocada e paçoca no centro da cidade e ele vai para as feiras; já nos finais de semana eles se juntam para trabalhar na barraca. Tirando todo o sustento da família da feira, ela conta que é importante ter mais uma oportunidade para comercializar os produtos. Entretanto, Silva ressalta que quando chove, a renda da família fica muito comprometida, sugerindo que as feiras poderiam ser realizadas em espaços fechados. “Se chove, cancela e a gente não ganha nada e mesmo se não cancela, o público não vai”, relata. Apesar das dificuldades, ela conta que adora trabalhar na feira porque lá “todo mundo é igual”.

Renata da Silva e Ailton Augustinho: sustento da família na feira
Renata da Silva e Ailton Augustinho: sustento da família na feira | Foto: Jéssica Sabbadini

’DÁ PARA VIR A PÉ’

A psicóloga Priscila Sakuma mora próximo à Praça dos Pioneiros e admite que gosta muito de frequentar as feiras, principalmente para passear com as crianças no final da tarde e início da noite. Segundo ela, a feira foi uma ótima sugestão para um espaço que era pouco utilizado: “é um local gostoso para a gente sair e prestigiar o trabalho de vários empreendedores aqui da cidade”.

O autônomo Jefferson Torresin estava aproveitando o final da tarde de sábado com a esposa e os dois filhos na feira da Gleba Palhano. Por terem voltado recentemente para o Brasil, ele conta que a família gosta muito de feiras, mas que não frequenta por conta da falta de tempo. “Mas agora que a feira está perto de casa vai ser uma maravilha porque dá até para vir a pé. A gente vai ser frequente aqui”, admite, afirmando que é uma forma de fazer com que as crianças andem um pouco.

Apesar de considerar a feira mais como um local de lazer do que de compra, ele pontua que é uma opção para comprar frutas, verduras e legumes orgânicos por um preço mais acessível do que no mercado, já que os filhos têm restrição alimentar. “Ela [esposa] não dirige, então mesmo se eu não estiver em casa ela pode vir com as crianças. Para a gente vai ser uma maravilha”, finaliza.