Antes mesmo de a “filha de Londres” ser oficialmente criada, uma escola já existia na terra recém-desbravada, no primeiro núcleo rural do município, educando os filhos dos imigrantes do que viria a se tornar a segunda maior cidade do Paraná. Noventa anos depois, comemorados no dia 26 de julho, a escola municipal Padre Anchieta, em Heimtal, região norte de Londrina, segue firme e desempenhando seu papel primordial de ensinar.

Imagem ilustrativa da imagem Escola municipal de Heimtal completa 90 anos
| Foto: Pedro Marconi - Grupo FOLHA

A unidade foi instalada em 1931, inicialmente em frente ao espaço onde hoje fica a praça do patrimônio. O primeiro estabelecimento educacional da comunidade foi levantado pelos próprios pioneiros, com madeiras cortadas do entorno. Foi o nascimento da Escola Alemã, que inicialmente alfabetizava em português e alemão, porém, foi agregando mais idiomas e ensinamentos conforme estrangeiros foram chegando.

“Com isso percebemos o quanto os europeus já davam importância para a educação, não esperaram pelo município”, destacou Milton Ferrer da Silva, que foi professor, supervisor e diretor da instituição por cerca de 34 anos. “Era um salão grande onde faziam missa numa semana e na outra culto luterano. Tinham também outras atividades”, relatou o docente, já aposentado, que é um estudioso sobre a história da escola.

Foi somente em 1938 que o poder público assumiu a gestão da escola, que em 1945 foi transferida para a área onde está até hoje, na rua Domingos Cantagali. O nome também mudou. O terreno foi doado pela Companhia de Terras do Paraná. A unidade construída era de madeira. Silva, que também estudou no estabelecimento, começou como professor na década de 1980. “Éramos em dois professores. Tinham cerca de 40 alunos. Além de dar aula, fazíamos a merenda. Os alunos cuidavam muito da escola”, relembrou.

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Na época, a região não tinha todo o desenvolvimento dos dias atuais, com moradias tomando conta da localidade. Era apenas mato, fazendas e alguns comércios. “Dia de chuva tínhamos um combinado com as crianças de trazer chinelo, porque era muito barro”, contou. Mais salas foram edificadas com o tempo, mas o imóvel de madeira está conservado e é utilizado para receber as crianças. Só que o número de alunos cresceu bastante. São 400 meninos e meninas do P4 ao 5º ano, com aulas nos períodos da manhã e da tarde.

Antes da pandemia de coronavírus, que levou à suspensão das aulas presenciais, também eram desenvolvidas ações na biblioteca, sala de recursos e educação especial, atendendo crianças de outras duas unidades. Cerca de 40 profissionais trabalham no Padre Anchieta, entre professores e terceirizados.

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ACOLHEDORA

Mariana Botura Mataram entrou na rede municipal em 2013, indo para a escola em Heimtal logo na sequência. Não saiu mais. Há três anos foi eleita diretora, porém, a relação com o espaço é de família. O esposo e o sogro estudaram na escola. Agora é o filho Miguel, 6, que se tornou aluno. “É uma escola acolhedora. Acredito muito no potencial do ensino aqui e na qualidade do trabalho”, destacou, acrescentando o trabalho em conjunto dos servidores na busca pela excelência.

Moradora da zona sul de Londrina, Claudia Maria Batista Leite Barbieri atravessa Londrina para estar onde gosta. Coordenadora pedagógica, está na escola há 12 anos. “Me identifico com a escola. É um ambiente bom, gosto da comunidade, existe um engajamento muito grande de todos. Mesmo diante de todas as dificuldades se dão ao máximo”, elencou.

Há um ano e cinco meses, o principal desafio tem sido a Covid-19, que impôs uma série de limitações no ensino, além da distância dos estudantes. A situação começou a mudar nesta semana, quando as aulas presenciais foram retomadas de forma escalonada, híbrida e seguindo protocolos de segurança.

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| Foto: Pedro Marconi - Grupo FOLHA

FUTURO

A comemoração das nove décadas teve que ser adiada por conta da pandemia, no entanto, o desejo por mais anos de história continuam. História, inclusive, que está em cada canto e num grande mural no pátio. “Temos esperança em dias melhores e que consigamos fazer a diferença na vida das pessoas. Vamos dar continuidade ao trabalho com compromisso e qualidade”, afirmou Mariana.

Já Milton Silva vai mais longe e espera que a escola continue rompendo barreiras. “A educação deveria ser o pilar do País, que precisa ter um olhar diferente para esse tema. Quando existe investimento na educação, é a base para um caminho melhor.”

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