Após dois anos de contratros emergenciais a cada seis meses - e com renovações até após o vencimento -, a CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) voltou a firmar vínculo de longo prazo com as cooperativas de reciclagem de Londrina. Além disso, parte da demanda dos coorperados foi atendida, como o pagamento da insalubridade, que não era feito, e agora será repassado R$ 564,80 por trabalhador mensalmente, sendo o máximo para até 57 pessoas por associação.

O novo contrato tem duração de um ano, indo de 15 de outubro até o mesmo mês de 2025. Das sete cooperativas que atuam na cidade, três já tiveram os acordos oficializados: Coocepeve, Cooper Refum e CooperNorth, que vão receber, respectivamente, R$ 1,7 milhão, R$ 1,5 milhão e R$ 1,6 milhão no período de 12 meses.

O pagamento por imóvel visitado e para manutenção de aluguel de barracão e custeios administrativos, como água e luz, teve reajuste. Passou de R$ 2,11 para R$ 2,82, um acrésimo de 33,65%. No entanto, está abaixo dos R$ 3,31 que era defendido pelo MP-PR (Ministério Público do Paraná), que vinha acompanhando as discussões entre as instituições e o município.

'DÁ PARA MELHORAR O TRABALHO'

A prefeitura vai seguir bancando o INSS dos cooperados, que foi incrementado em R$ 18, totalizando R$ 282. Na avaliação da presidente da Coocepeve, Sandra Araújo Silva, somando os valores referentes a custeios, insalubridade e o benefício do Instituto Nacional do Seguro Social dará para as cooperativas melhorarem financeiramente. "No nosso caso não estávamos no vermelho, mas no amarelo, tendo que tirar do rateio do material para pagar a diferença do aluguel do barracão. O novo valor dá para melhorar o trabalho, principalmente em relação aos cooperados", pontuou.

A cooperativa atua nas regiões norte e leste, atendendo aproximidamente 35 mil domicílios. São 30 funcionários. "Existia uma grande preocupação minha em relação a insalubridade. É um trabalho individual e pessoas que saíram entraram com ação trabalhista contra nós e uma que sempre perdemos foi sobre insalubridade. Agora nosso trabalho está sendo reconhecido com a mesma importância e perigo que a coleta do lixo orgânico", destacou.

OBRIGAÇÕES

O novo contrato de prestação dos serviços de coleta e transporte, triagem e destinação final ambientalmente adequada de resíduos sólidos recicláveis determina, entre outras questões, que o recolhimento dos materiais deverá ser realizado por, pelo menos, um motorista devidamente habilitado e dois coletores. Todos uniformizados. Além disso, o caminhão terá que ser tipo baú ou gaiola de tela com lona ou tela de proteção traseira, contendo alça de segurança ou corrimão e estribo traseiro antiderrapante.

As contratadas ainda deverão dispor de, no mínimo, um barracão para triagem e armazenamento do material reciclável recolhido com, pelo menos, 500 metros quadrados.

DE SOLUÇÃO A PROBLEMA

No começo do ano a FOLHA mostrou que a coleta seletiva na cidade foi de exemplo a problema em 15 anos, quando o serviço com as cooperativas foi implementando. De forma corriqueira moradores reclamam da defasagem no recolhimento dos materiais, com os sacos se acumulando nas calçadas. No caso da Coocepeve, Sandra Silva garantiu que a entidade não deixou falhar a prestação do trabalho.

PREFEITURA

Por meio de nota, a Prefeitura de Londrina confirmou que a CMTU estabeleceu, em conjunto com os diretores das sete cooperativas, um novo contrato. Segundo o prefeito Marcelo Belinati, "os cooperados têm um trabalho honroso e merecem a valorização. Fizemos um esforço imenso e foi possível incluir a garantia de um incremento nos valores da coleta e triagem, além do pagamento pelo município da insalubridade a todos os cooperados. Além disso, há garantia da continuidade do recolhimento do INSS".

Ainda de acordo com a nota, com o novo contrato, "a CMTU espera que as cooperativas tenham a oportunidade de atrair novos cooperados para o sistema e ainda que haja um fortalecimento delas na execução do serviço, beneficiando além dos cooperados, todos os londrinenses que são atendidos."

"A CMTU e as cooperativas pedem que a população continue realizando, de forma efetiva, a separação do seu material e que, não haja descarte irregular, em especial, nos fundos de vale", conclui.

A reportagem não conseguiu contato com representantes da Cooper Refum. Já a CooperNorth informou que não concederia entrevista. A FOLHA também procurou o MP-PR para comentar sobre o assunto, mas não houve retorno até a finalização da matéria.

(Atualizada às 17h57)