As marcações foram cobertas com tinta preta e os tachões removidos pela CMTU
As marcações foram cobertas com tinta preta e os tachões removidos pela CMTU | Foto: Foto: Pedro Marconi - Grupo Folha

Pouco mais de um ano desde a instalação, a CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) retirou, nesta semana, a chicane da avenida Otávio Clivati, mais conhecida como das Torres, na zona norte de Londrina. A sinalização artificial para diminuir a velocidade dos veículos foi concebida após projeto do Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina) e desde sua implantação dividia a opinião dos motoristas.

Diretor de Trânsito da CMTU, Sérgio Dalbem justificou a medida pela perda do objetivo inicial. Poucos metros antes da chicane, atrás do cemitério Jardim da Saudade, foi construída uma faixa elevada de pedestres, ainda no ano passado. “A faixa é um obstáculo maior e, desta forma, a chicane ficou sem utilização neste momento. Aproveitamos que estávamos fazendo um retoque na sinalização naquela região e decidimos tirar, deixando uma única sinalização na via”, pontuou.

A avaliação da companhia é de que a solução apontada para a localidade não foi respeitada pelos condutores. “O problema é a disciplina no trânsito, as pessoas desobedecerem as marcações. Foi demarcada no asfalto uma sinalização horizontal, que traz informações importantes. Entretanto, não era obedecida, passavam reto. Para uma infração deste tipo a multa é considerada gravíssima”, lamentou.

REACOSTUMANDO

As marcações foram cobertas com tinta preta e os tachões removidos, deixando apenas as marcas. Algumas vagas de estacionamento foram reimplantadas. Com pouco tempo sem a sinalização restritiva, muitos motoristas ainda não se acostumaram com a “novidade” e estão fazendo as manobras como se desviassem das delimitações que existiam. “Mesmo tampando, ficaram alguns sinais no chão e achei que estava tudo normal”, relatou a auxiliar de escritório Deise Passos.

Polêmica, a chicane na avenida das Torres, quase na esquina com a rua Manoel Alves de Oliveira, chegou a registrar acidentes. Cerca de dez dias depois da implantação, em junho de 2019, um jovem de 24 horas teria se atrapalhado nas demarcações, esbarrado num carro e caído. O capacete se soltou e ele bateu a cabeça contra o meio-fio, morrendo logo em seguida. “Gastaram dinheiro e tempo para nada”, criticou o encarregado de obra João Silva.

Morador do jardim Porto Seguro, zona norte, o operador de máquinas aposentado João Crigas afirmou que a intenção do município foi positiva com a chicane, entretanto, não resolveu o problema de alta velocidade na via. “Passavam por cima das ‘tartarugas’, aqueles que não respeitavam ‘fechavam’ o motorista que estava certo. A faixa elevada é melhor e diminui o perigo de acidentes”, opinou. A velocidade máxima permitida na via é de 50 quilômetros por hora.

Para a CMTU, a  chicane ficou sem utilização com a construção de uma faixa elevada de pedestres nas imediações
Para a CMTU, a chicane ficou sem utilização com a construção de uma faixa elevada de pedestres nas imediações | Foto: Pedro Marconi - Grupo Folha

BARATA E RÁPIDA

De acordo com Sérgio Dalbem, a chicane é uma providência barata, rápida e que está prevista na legislação. “É uma sinalização que existe nas cartilhas de mobilidade urbana, que eram divulgadas pelo Ministério das Cidades, substituído pelo Ministério da Infraestrutura. Estes documentos continuam valendo como subsídios para ações de redução de velocidade”, defendeu.

Em Londrina, lembrou o diretor de Trânsito da CMTU, existia uma chicane antes da rotatória da avenida Dez de Dezembro com a Leste-Oeste, no sentido sul-norte, até o começo deste mês. “É uma que deu resultado e foi feita por conta das obras do viaduto. Não tivemos problema nenhum. Esta medida promove o estrangulamento da via só com sinalização horizontal é a uma primeira medida. Na sequência, pela hierarquia, são o quebra-molas, semáforo e radar, respectivamente. O propósito é evitar um dano maior e óbitos”, frisou.