O Grupo de Busca e Salvamento do 2º Comando Regional do Corpo de Bombeiros encontrou, nesta sexta-feira (16), o corpo do menino Thiago Vinícius Procópio Rocha, de dois anos, desaparecido no último sábado (10), no Parque Ecológico Municipal Daisaku Ikeda, na Usina Três Bocas, na zona sul de Londrina. O corpo estava no ribeirão Três Bocas (que passa pelo parque), próximo ao rio Tibagi.

Segundo a tenente Luana da Silva Pereira, que comandava as buscas, o corpo foi localizado por volta das 12 horas, em um trecho do rio que fica logo após uma corredeira, a nove quilômetros de distância do Parque Daisaku Ikeda. “A equipe de busca e salvamento verificou que o rio baixou cerca de 50 centímetros e isso pode ter possibilitado encontrar o corpo após a queda d'água, na área de remanso”, disse a tenente. Nesta sexta, as operações completariam sete dias.

Os bombeiros acionaram a Polícia Civil e, por volta das 14 horas, o corpo da criança foi transportado para a sede da Polícia Científica, em Londrina. Primeiramente, passou pelo Instituto de Identificação para confirmação da identidade, e depois, foi encaminhado ao IML (Instituto Médico Legal), onde um exame de necropsia deverá indicar a causa da morte.

'PONTO CRUCIAL É O SAPATINHO'

Segundo a tenente, as vestimentas que estavam no corpo coincidiam com a descrição das roupas usadas por Thiago no dia do desaparecimento feita pela mãe do garoto e o namorado dela. “Um ponto crucial é um sapatinho. Ele utilizava um crocs azul e estava só com um pé. Um dos crocs estava no interior do veículo no dia do desaparecimento e nós pudemos comprovar isso. E nesse corpo nós identificamos que a criança está usando um crocs azul”, relatou.

Inicialmente, as equipes priorizaram as buscas na mata, que duraram até terça-feira (13). "Tínhamos que contar com a possibilidade de a criança estar viva e desaparecida", comentou a tenente. Após um rastreamento completo da área de mata, os bombeiros descartaram a hipótese de a criança estar perdida em meio a vegetação. Na noite de segunda-feira (12), a cadela Laika, que colaborou no trabalho, já havia indicado a possibilidade de o garoto estar na água e as operações, então, começaram a ser feitas no rio.

13 QUILÔMETROS

Diariamente, foram percorridos cerca de 13 quilômetros, em uma varredura minuciosa na mata e na água, com a ajuda de embarcações. O funcionário público Edelson Palhares, da ONG Patrulha das Águas, acostumado a navegar em corredeiras há 32 anos, e bastante familiarizado com aquele trecho do rio Tibagi, contribuiu com os trabalhos e estava junto com um bombeiro quando foi localizado o corpo de Thiago. "Descemos a corredeira, estava no remanso. Vi a camisetinha verde dele", relatou. "Foi um alívio porque estava há três dias descendo o rio. É difícil para a família, para as pessoas envolvidas, mas encerramos o caso. É uma tristeza ver uma criança, pequenininha assim."

"Com a junção das forças, fizemos a varredura completa. Não ter chovido ontem (quinta-feira) ajudou a baixar o nível da água. Era necessário que finalizássemos. A angústia estava muito grande", disse a tenente Luana.

O delegado-chefe da Delegacia de Homicídios, João Reis, informou que a necropsia feita na tarde desta sexta-feira no IML não identificou sinais de violência no corpo da criança, mas exames complementares ainda deverão ser feitos. Uma parte deles será realizada em um laboratório em Curitiba. Não há prazo para que seja concluído o laudo com a causa da morte. A perícia feita no veículo utilizado pela mãe de Thiago e o namorado também não identificaram vestígios de sangue.

Com a ajuda dos exames da Polícia Científica, o inquérito policial deverá apontar se houve e de quem seria a culpa pela morte. Nos próximos dias, o delegado irá avaliar a necessidade de se produzir mais provas, mas o mais provável, disse ele, é que tenha ocorrido negligência ou imprudência. "Todas as possibilidades serão analisadas, mas a principal é descuido por parte dos adultos. A criança estava no carro, eles saíram para pegar os objetos de narguilé e não viram a criança sair do veículo", disse Reis.

O DESAPARECIMENTO

Thiago desapareceu no início da noite do último sábado, após passar o dia na companhia da mãe e do namorado dela, no Parque Daisaku Ikeda, que desde 2016 está fechado para visitação pública. À polícia, o casal contou que enquanto arrumava os pertences para voltar para casa, a criança chegou a entrar no carro, mas só percebeu que o menino não estava no banco de trás do veículo no trajeto. Ao retornarem para o parque, não encontraram mais a criança.

Imagens de câmeras de segurança obtidas pela Polícia Civil em um bar próximo ao parque e na PEL (Penitenciária Estadual de Londrina)confirmaram o relato do casal. O registro do estabelecimento comercial mostra o automóvel onde estava o casal passando pela rodovia João Alves da Rocha Loures, às 19h48, em baixa velocidade. Cerca de um minuto depois, o veículo reaparece nas imagens, em direção contrária e, desta vez, em alta velocidade.

A delegada que iniciou as investigações na Delegacia de Homicídios, Lívia Pini, identificou inconsistências nos depoimentos dados pelo casal. Na terça-feira (13), também foram ouvidos o tio e a avó de Thiago, além uma testemunha. Uma das principais dúvidas é de que forma a criança teria saído do veículo sem ser notada.

Os aparelhos celulares da mãe e do namorado serão periciados para averiguar se houve alguma comunicação entre eles sobre o ocorrido ou qualquer informação que aponte para outra linha de investigação. Também seria analisada a localização que fica salva nos telefones. O automóvel onde estava o casal teria rastreador e a polícia solicitou a rota feita no dia do desaparecimento. O veículo também passou por inspeção.(Colaborou Pedro Marconi)